Ter, 01/02/2022 - 09:41
Estamos no primeiro dia do segundo mês do ano, o mais pequenino. Este ano, Fevereiro, é sem Carnaval, que passa para dia 1 de Março.
Entrou hoje a lua nova, que alguns chamam de lua ruim.
Este mês é também considerado o mês cinzento, porque marca o meio do Inverno.
Os nossos tios já começam a pedir chuva, pois Janeiro foi muito seco e, segundo as previsões, não há chuva prevista para próximos dias. O povo diz que “Fevereiro chuvoso faz o ano formoso”ou “Em Fevereiro chuva, em Agosto uva”.
Muita da nossa gente anda na limpa das oliveiras, como é o caso do tio Manuel Oliveira, de Argozelo, Bragança, que não tem mãos a medir. Outros andam nas plantações de castanheiros.
Nestes últimos dias estiveram de Parabéns: Alírio Neves (87) e Paulo Neves (54) Vilarinho de Lomba (Vinhais); Teodoro Pires (82) Argemil (Valpaços); António João (81) e António Maria (81) Genisio (Miranda do Douro); Austelina Esteves (78) Castedo (Torre de Moncorvo); Teresa Rocha (74) Parada (Bragança); Domingo Rodrigues (59) Coelhoso (Bragança); Paula Cubo (50) Caravela (Bragança); Luís silva (50) e seu irmão Vítor Silva (47) Nunes (Vinhais); Inês Lúcio (49) Lebução (Valpaços); Leonel Moreira (44) e Edgar Moreira (18) Oleirinhos (Bragança; Francisco Fins (36) Mirandela; Tiago Fidalgo (36) Paradinha de Outeiro, emigrado em Inglaterra; Beatriz Reis (9) Vale da Madre (Mogadouro).
Para todos muita saúde e paz, que o resto a gente faz.
O tio João Castilho, numa das suas participações, contou-nos que tinha ficado encantado com uma casa, que mais parece um santuário, a do amigo António Coelho, à entrada da ponte de Castrelos, na direcção, Bragança/Vinhais. Foi ele que me deu a ideia de lhe dedicar esta página.
Então entrei em contato com ele e vim a saber que é compadre de meus pais, pois o seu filho é afilhado deles. Como o mundo é pequeno!
António Coelho nasceu a oito de Abril de 1938, na estação de caminhos de ferro, porque o seu pai era guarda de noite. Esteve lá dois anos, depois o pai foi transferido para Bragança. Da sua infância recorda que não foi à escola.
- “Nunca foi fui à escola, não sei ler nem escrever, nunca conheci um professor. Era eu ainda um garoteco, fomos viver para o viveiro das trutas de Valvoneiro ou Prado Novo, à beira do rio, em França, Bragança. Fui aí criado e lá trabalhei durante 9 anos. Ainda garoto, trabalhava como os outros, ajudei a fazer os tanques para as trutas.
Em 1950 casei, tivemos quatro filhos, um rapaz e três raparigas, das quais uma faleceu há oito anos. Trabalhei como madeireiro e tive uma barraca na praça. Em 1970 emigrei para França.
Apesar de não saber ler, consegui aprender a falar o francês, tirei a carta de condução, pois fui motorista durante 35 anos. Há 16 anos regressei a Portugal, e como já tinha comprado a casa da ponte, tenho passado todo o meu tempo a reconstruí-la. Já fiz 8 quartos e estou agora a fazer mais 4, tudo está feito pelas minhas mãos em granito e mármore. No quintal da casa fiz duas capelas e vários nichos com cerca de 40 santos. Uma capela é inteiramente dedicada a São Gustavo, porque é o que manda nos outros santos, a imagem é mais ou menos da minha altura. Os nichos são feitos de pedra de talco furada, onde coloco as imagens. Tenho a Senhora de Fátima, Senhora da Serra, Senhora das Graças, Santa Rita, entre outras. Fiz também uma piscina com 6 metros por 3,5. Como me sobrou muita tinta da piscina e era tão boa, resolvi pintar os muros dessa cor. Como é à beira da estrada, chama a atenção. Tem parado muitas pessoas, desde o Porto, Lisboa, Espanhóis, pedem-me para tirar fotografias, alguns acabam até por entrar e ver a casa. Sabe Tio João, eu tenho quase 84 anos, mas ninguém me dá mais de 60. Tenho tido sempre saúde. Só agora me apanhou o bicho mau, mas como já estou vacinado, tenho poucos sintomas. Durante a manhã continuo nas minhas obras, almoço e durante a tarde vou ter com alguns amigos à Associação do Campo Redondo, em Bragança.
Vivo sozinho, a minha companhia são dois cães.”
Perguntei ao tio António, para quê uma casa tão grande? Ele respondeu-me: “ os meus filhos hão-de saber o que fazer!”
Obrigado amigo António Coelho!