O ato eleitoral do próximo dia 26 não é nenhum referendo, não é nenhum plebiscito, não é nenhum exame popular sobre a atuação pretérita dos atuais autarcas, se candidatos. O que se vai escolher, no último domingo de setembro é a proposta de futuro que melhor se adequa aos justos anseios e às justificadas aspirações, dos cidadãos, a que responde com eficácia às suas preocupações e que pode resolver ou minorar as enormes dificuldades que, por todo o lado, mas muito especialmente, no interior, ensombram a vida quotidiana. É o futuro, só o futuro, que interessa. Não é o passado. Então, porque é nos debates e na campanha, sobretudo dos incumbentes, se insiste, se fala tanto, quase se reduz, em exclusividade, à análise dos mandatos anteriores? Porque é difícil discutir, fundadamente, o desconhecido futuro quando se tem à mão o passado que, mesmo podendo ser mais ou menos mascarado, não é possível ocultá-lo na sua plenitude. Houvesse uma bola de cristal... Mas não há... A vida é uma estrada se que percorre sempre pela primeira (e única) vez. Ninguém sabe o que nos espera para lá da próxima curva. Porém, quem viaja numa viatura, pelo andamento da mesma, pela configuração do caminho e, sobretudo, pelo comportamento do condutor, com alguma facilidade prevê qual a trajetória previsível na abordagem ao próximo meandro. É verdade que o despiste iminente pode ser salvo, no último minuto, por ação dos travões, mas isso, quando falamos de limitação de mandatos, é um artifício que aparentando salvífico, pode, pelo contrário anunciar a fatalidade, como adiante veremos. Todas as viagens contemplam riscos e peripécias. Mas quando todas nos caem em cima, fica pouco espaço para a esperança, para a condescendência, para a concessão de mais uma oportunidade. Numa competição nem todos podem ficar à frente e, necessariamente, alguns terão de ocupar o último lugar. Mas quando a tendência é sempre descendente, quando nada melhora e tudo piora o melhor é pensar seriamente em mudar de vida. Se, por acaso, o oitavo ano, de um executivo qualquer, apresentar melhorias significativas, há que desconfiar. Tal como o quarto, isto pode resultar da proximidade de eleições. O que é compreensível e não seria necessariamente mau... se no final do terceiro mandato se submetesse, de novo, a sufrágio... coisa que a lei não permite! Qualquer autarca que, nos dias de hoje, apresente como principal trunfo a diminuição da dívida camarária, é alguém do passado, é alguém que ainda vive nos tempos da famigerada troica! A dívida municipal não é, necessariamente, um malefício. Se for para suportar despesa corrente ou injustificado desperdício é, sem dúvida má. Mas se for para financiar investimento necessário e gerador de mais-valias para os munícipes, só pode ser boa. Mas, se a diminuição da dívida permitir à Câmara, diminuir o prazo médio de pagamento, não é louvável? Depende. Se a maioria dos fornecedores for do concelho, obviamente que sim. Mas se a maior parte dos pagamentos for para empresas fora de região ou mesmo da capital, já não me parece que haja nisso grande virtude, do ponto de vista dos eleitores. Não tenho a menor dúvida que o benefício municipal seria superior se “o preço a pagar” por um reforço significativo das compras dentro do concelho fosse um agravamento razoável do prazo médio de pagamento.