A moda é uma expressão do estilo pessoal e a demonstração da individualidade, criatividade e do senso estético de um individuo. Ao usar uma marca, não se compra apenas a beleza da peça, está igualmente a concordar-se com todo o seu processo produtivo e a “incorporar” o valor moral da marca. Assim, em algumas situações, os consumidores têm o poder de apoiar ou punir marcas pelas suas atitudes sociais e ambientais, comprando ou não comprando em determinada loja. O número de consumidores “ecofriendly” tem aumentado nos últimos anos, associado á enorme preocupação global para a sustentabilidade do planeta. Muitos preveem que esta preocupação sobre sustentabilidade e moda consciente, intensificada com a actual pandemia do COVID19, que alertou a humanidade para valores mais humanos e amigos do ambiente, aumente significativamente a consciência dos consumidores, que irão exigir responsabilidades e atitudes sustentáveis ás empresas e marcas de moda, no sentido de investirem no paradigma do desenvolvimento sustentável. Uma marca de roupa pode, por exemplo, aumentar a vida útil de uma peça de roupa através do acabamento, pode usar tecidos que causem menor impacto ambiental, verificar a procedência das matérias-primas, assegurar condições dignas de trabalho, realizar o “upcycling”, etc. Diante destas preocupações, surgiram correntes adeptas do consumo consciente, como o movimento de “moda ética”, “slow fashion”, “eco moda”, “zero-waste fashion” e “eco chic”. Moda ética leva em consideração o impacto da dimensão sócio cultural e ambiental inserida na concepção de um produto. O movimento questiona a exploração de trabalho de funcionários de confecções, que muitas vezes são submetidos a condições análogas ao trabalho escravo : “ Quem fez as minhas roupas? Em que condições? A eco moda pretende que se reduza o consumo de recursos e o uso de tecidos de fibras orgânicas e métodos de produção que minimizem a contaminação de rios e mares, evitando ao máximo produtos químicos altamente poluentes. Algumas alternativas são o algodão orgânico, e fibras de ananás, de bambu, de cânhamo e outras. O eco produto é projectado de acordo com um balanço energético e material, quantifica as perdas e possíveis desperdícios, além de pensar em refrear a geração de resíduos sólidos. O conceito “slow fashion” contraria a produção de roupas massivas e de baixa qualidade, propondo um consumo mais lento e roupas com maior vida útil. O movimento questiona o conceito e a velocidade da moda, e visa um design intemporal com qualidade que proporcione uma durabilidade á peça. Resumidamente defende: - A qualidade das roupas em detrimento á quantidade de peças; - Mudança de consciência do consumidor para que se questione sobre a necessidade de consumir mais e mais, pensando no ciclo de vida de cada peça e na sua durabilidade; - A sustentabilidade em todas as etapas do processo de produção e uso consciente de recursos; - Remuneração justa e garantia de condições dignas e éticas de trabalho; - Incentivo a negócios locais Não podemos mais pensar isoladamente nas nossas roupas, sem tomarmos consciência de tudo o que está detrás da sua fabricação. É, pois, imprescindível que cada consumidor reconheça que faz parte dessa cadeia, em que as questões ambientais se cruzam com as questões sociais. É impossível ignorar nos dias de hoje que comprar uma roupa é também um “acto político”