Os portugueses depressa se aperceberam de que sempre que um ministro abria a boca saíam asneiras e entravam vírus em Portugal, tal o chorrilho de disparates com que procuravam desvalorizar a pandemia em desenvolvimento.
Cito apenas alguns exemplos para não dramatizar ainda mais a questão.
Mal a crise rebentou lá na sinistra República Popular da China, a ministra da Agricultura esfregou as mãos de contente porque, no seu douto entendimento, trazia vantagens para as nossas exportações agrícolas.
A ministra da Saúde com a sua proverbial bazófia apressou-se a gritar aos sete ventos que o SNS estava preparado para enfrentar a crise e o inefável ministro do Interior bateu o pé dizendo que não havia razões para fechar as fronteiras.
Entretanto, o primeiro-ministro continua a sorrir seraficamente e a procurar iludir os cidadãos como é seu timbre e talento, como se de uma campanha eleitoral se tratasse. É de uma guerra que se trata, de uma calamidade, senhor primeiro-ministro!
Maior insensatez foi a do presidente da república que fechou a matraca e desertou do campo de batalha, embora tenha tido o engenho e a arte de impor o estado de emergência. Mesmo assim o Governo, confrontado com uma guerra declarada sabe-se lá por quem, com o inimigo a invadir o país por terra, mar e ar, limitou-se a fazer o que lhe deu na democrática gana, aproveitando o cheque em branco, sem cobertura por certo, que a oposição lhe passou, com o senhor Rui Rio à cabeça.
Não se trata de uma guerra convencional, é certo, com bombas a rebentar por todo o lado, mas de uma guerra biológica, igualmente mortífera e devastadora da economia nacional e que rapidamente ganhou cariz subversivo pela mão dos maus jornalistas, dos açambarcadores e dos especuladores.
A verdade é que o Governo não providenciou atempadamente o que deveria ter providenciado, não mobilizou o Estado para a guerra e deixou a Nação, ao deus-dará, indefesa. Melhor teria andado se logo ao primeiro tiro, avisado que estava, tivesse controlado devidamente as fronteiras impedindo o inimigo de entrar, embora deixando passar tudo que viesse por bem.
E se de pronto tivesse armado, equipado e treinado o povo distribuindo as armas mais adequadas para fazer frente à ameaça. Não espingardas ou coisas que tais, mas mascaras, luvas, vestimentas, granadas desinfetantes e instruído devidamente os cidadãos para que pudessem continuar a trabalhar e a economia nacional não fosse gravosamente afectada.
Isso de encerrar indiscriminadamente meio mundo em casa por tempo indeterminado terá que ser oportunamente repensado, sob pena do povo não morrer do mal mas da cura.
Salva-se, justiça lhes seja feita, o esforço abnegado de quantos, nos hospitais mas não só, dão o peito às balas para que a Nação sobreviva.
Tudo leva a crer que novos surtos se seguirão. Esperemos que, se tal acontecer, todos os cidadãos possam dispor de um adequado kit de defesa pessoal.
Entretanto, bruxos e adivinhos auguram já um Governo de Salvação Nacional para fazer face à crise económica, social e política que inevitavelmente advirá. Esperemos que, se tal acontecer, seja um Governo honesto, competente e patriota e livre de vírus partidários.
Que Deus nos livre de maus governantes que de vírus nos livramos nós! Este texto não se conforma com o novo Acordo Ortográfico.