O PSD que Rui Rio promete e quer fazer afirmar é um partido responsável, honesto e racional. Não faço ideia do que lhe possa ir realmente na cabeça, mas não posso deixar de concordar quando diz que o voto do PSD terá de atender à validade das propostas e não à autoria das mesmas. Outra e radicalmente oposta é a proposição de Luís Montenegro que entende que o Partido, liderado por si, reprovará tudo quanto vier do PS ou de qualquer partido à sua esquerda. Pinto Luz suavizou esta última opção colocando como primeiro passo a leitura e conhecimento do projeto governamental, mas foi logo avisando que não acredita na bondade do que quer que seja que venha daquele espetro político. Tem sido, por isso, referido como aquele que teve o melhor discurso, mais inteligente e mais assertivo. Talvez. Foi, sem dúvida o mais oportunista. O mais ambicioso, no pior sentido do termo.
A posição radical de Montenegro, agrada, de forma clara e entusiástica aos militantes, principalmente aos mais radicais. Estou certo que o propósito de Rio terá maior aceitação nos eleitores. Pinto Luz quer abraçá-los a todos. Por isso foi batizado como talentoso.
Os partidos não são clubes de futebol. Estes, sim, existem para combater todos os outros porque é esse o seu objetivo e porque não é possível ter sucesso de outra forma. Os partidos não. Programaticamente têm como missão o serviço público, embora, pragmaticamente o que os move é a busca do poder. Que não tem grande mal se forem capazes de os compatibilizar. O que, aparecendo levemente no atual Presidente do PSD (por tática eleitoral?), está totalmente fora dos planos dos seus dois contendores. Não há a menor dúvida que todos se reclamam herdeiros e continuadores de Francisco Sá Carneiro. Como tal, nenhum deles enjeitará ou repudiará a máxima política que celebrizou o advogado portuense: “O País está à frente do Partido”. Contudo, só o actual líder se propõe levar à prática tal norma sendo exactamente por isso que mais o criticam os seus oponentes!
Votar contra só porque uma proposta vem de um concorrente e adversário, sem qualquer outra razão, não é fácil de sustentar exceto junto dos mais radicais seguidores. Mas estes não alargam o estreito caminho para a cadeira de S. Bento. É necessário arranjar uma justificação. A principal razão pela qual os dois desafiadores “garantem” o voto contra todas propostas socialistas, reside no congelamento do partido do poder, na orla da geringonça que suportou o governo na anterior legislatura, diabolizando todas as propostas vindas dessa área. A terem sucesso, paradoxalmente, pode trazer grande prejuízo para o próprio partido. Se houver adesão eleitoral a esta hipótese, a consequência mais imediata será, a recentragem do PS. Ora o risco para o partido de S. Caetano à Lapa não lhe vem de um Partido Socialista encostado à extrema-esquerda, (isso seria uma bênção!) mas sim a virar ao centro, roubando-lhe, a partir da cómoda cadeira do poder o eleitorado centrista (social-democrata) entalando o PSD contra o ascendente Chega! e a disputar o, cada vez mais diminuto, eleitorado do CDS.