A corrida às legislativas já começou há muito tempo. Trabalhando na sombra, os partidos têm desenvolvido estratégias no sentido de constituir as suas listas, mas até agora pouco se sabe, a não ser que o PSD já tem alguns dos seus cabeças de lista divulgados na comunicação social.
A reunião com o PS para viabilizar um acordo que aprovasse a Lei de Bases da Saúde não deu frutos. Depois da nega do BE e do PCP às pretensões de Costa, este virou-se para o PSD, mas Rui Rio acabou por desistir das exigências de Costa e veio a terreiro dizer que não queria ser a muleta da geringonça. Claro, mas não se importava de o ser do PS se a negociação desse certo. Mas não deu. Como Costa não tem tempo a perder virou-se novamente para a esquerda e pediu ajuda. Catarina já estava à espera desta deixa e prontificou-se a viabilizar o SNS. Nenhum deles tem tempo a perder. Resta agora saber qual o acordo que vai ser aprovado e quem vai perder ou ganhar com esse acordo. Estão todos numa corrida desenfreada.
Enquanto Rui Rio supostamente trabalhava no sentido de se entender com o PS e apresentar um acordo positivo que lhe desse votos e aprovasse a nova Lei de Bases da Saúde, o PSD, na sombra, andava a constituir as suas listas, mas com indicações claras de Rui Rio e que iriam surpreender o país e o próprio PSD. Rui Rio não será cabeça de lista às legislativas! Surpresa? Talvez, mas o objetivo é claro. Promover alguns rostos desconhecidos que serão eleitos deputados certamente, enquanto os mais conhecidos vão em segundo ou terceiro lugar e que serão igualmente eleitos para deputados. O que mudou? Nada a não ser a ordem dos nomes nas listas. O que ganha o PSD? Talvez elogios ao apresentar listas onde os cabeças são desconhecidos e alguns são mulheres, o que é de louvar. É tempo de mudança, mas não muita. Há quem diga que é uma revolução nas listas do partido. É demasiado forte o termo porque não há nenhuma alteração tão grande que o justifique. A inversão da ordem nas listas nem sequer promove o risco porque este é assegurado pelos segundos e terceiros nomes. O que deixamos de ver é os candidatos habituais e mais velhos e experientes a assumirem os primeiros lugares e por isso mesmo a serem criticados por serem sempre os mesmos. Aqui é que a jogada é meritosa.
Esta jogada de Rui Rio faz-lhe ganhar algum tempo nesta corrida em que não quer chegar atrasado. Falta-lhe tempo para poder estar em todas as frentes e portanto não pode perder tempo algum. Faz lembrar Trump na cimeira do G20 a querer falar com todos os líderes incluindo Kim Yong Un da Coreia do Norte mesmo sem ter agenda marcada e a querer ficar bem na fotografia também ao fazer as pazes com a China. Enfim. O mesmo fez Bolsonaro ao cancelar a reunião com o Presidente da China por este estar atrasado vinte minutos. Claro. Tempo é dinheiro. O que é preciso é ganhar tempo e não perdê-lo.
Vendo esta corrida pelo prisma da esquerda, quem vai acabar por ganhar pontos é o BE, já que Catarina ao não desmarcar da sua posição em termos de acordos com o PS, vê este aproximar-se novamente e volta a espreitar o acordo do SNS aprovado com a sua prestimosa ajuda, ajuda que Costa terá de pagar, seja como for. Ninguém dá nada sem esperar algo em troca. Quem não está a gostar muito desta negociação é o PCP que vê cada vez mais longe ser necessário para a geringonça ser realidade. Como também não quer perder tempo, atira-se ao PS e não só, criticando tudo e todos, para que seja olhado como coerente nas suas posições e assim ir buscar os votos que lhe fugiram nas europeias, embora adiante que o resultado será bem diferente para melhor. Talvez tenha razão.
Se nestas andanças o PSD quer ganhar algum tempo mostrando trabalhado já feito, Catarina parece estar a perder tempo já que nada veio à praça pública sobre o projeto de listas para as legislativas. Será que Catarina também não quer ir em primeiro em nenhuma delas? Pode ser que copie Rui Rio e dê lugar aos mais novos. Ela tem lutado contra o PS porque vê Costa a olhar para o PSD, mas esta perda de tempo não serve a ninguém e muito menos a ela se quer marcar pontos nesta corrida. Não vai querer chegar em último certamente.
Também o CDS anda a tentar ganhar tempo, mas as listas ainda não estão prontas e muito menos divulgadas. Cristas, para não perder tempo, lança o seu livro como estratégia inicial e com o objetivo firme de ganhar votos e tempo para chegar a tempo à meta das legislativas. É uma estratégia louvável. Dará frutos? Faltam os cabeças de lista! E aqui eles têm de ser conhecidos sob pena de se perder tempo e dinheiro. Não há tempo para perder tempo!
Deste modo e tal como a juventude atual, os partidos estão sem tempo para ter tempo. O melhor é não desperdiçar nada.