Voltinhas dos governantes antes da praia e das eleições

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Ter, 02/07/2019 - 10:49


O rodopio de governantes por terras do nordeste transmontano está a atingir vertiginoso ritmo, que nos pode deixar entontecidos e fazer-nos tombar no terreiro, o sol de verão a surpreender-nos com miragens da vinda de tempos novos, de equidade e justiça, que nos têm sido sonegadas.

Mas, se lograrmos acolher-nos à sombra de um castanheiro velho, a prometer castanhas luminosas lá para o Outono, a frescura nos fará voltar à serenidade e ao sorriso, crítico mas carregado de misericórdia, que nos merecem as folestrias de todos os saltimbancos.

Poderemos perceber facilmente que os raides apressados ao território se enquadram em manobras, repetidas a cada aproximação de momentos eleitorais, verdadeiras proto campanhas para despachar, porque depois das praias em Agosto haverá que fazer a festa litoral fora, aí sim, para amealhar votos onde os há, mesmo que fique claro que as simpatias aqui afiveladas não foram expressão de compromisso autêntico com as populações para iniciar uma verdadeira mudança de rumo que permita ao país conhecer outro futuro.

Já estamos habituados a estas correrias, que não deixam pegada que se veja. Seja qual for a cor do poder instalado na capital não vamos além de fórmulas requentadas de foguetório a propósito de decisões sem real impacto na vida económica e social da região, fazendo lembrar o tempo do regime do Estado Novo, que celebrava fontenários e latrinas como se se tratasse de épicas conquistas para as populações.

Podemos ainda notar, mais uma vez sem novidade, que as visitas privilegiam as localidades onde o poder autárquico é da mesma cor, talvez na expectativa de que assim se consolide um eleitorado que tem demonstrado ser capaz de opções diversas quando se trata de eleições nacionais, locais ou europeias.

A política podia ser outra coisa, mais séria e honorável. Se assim fosse os problemas desta região e de todo o interior não seriam iludidos e haveria coragem para assumir as opções que permitiriam encarar outros horizontes para o país real, que não se pode confundir com as aparências que sustentam a leviandade reinante, que há-de ser reconhecida quando já não houver remédio.

Entretanto, a nossa realidade parece ter duas faces, ambas deprimentes: desistir, resignados ou fazer a festa possível, da saudade e da melancolia, mesmo sabendo que se trata somente de adiar um pouco mais o último suspiro.

Apesar de tudo, sobram sinais de que ainda pode ser possível contrariar o destino macabro e inverter uma tendência determinada por decisões e omissões de responsáveis sem estatura política.

Só não vê quem não quer. O que foi possível atingir nas áreas da produção e na economia em geral, mesmo num contexto de despovoamento e, principalmente, o que se tem verificado com o prestígio crescente do Instituto Politécnico de Bragança, deviam ser tónicos para os que insistem em ficar e razão de vergonha para quem não tem cumprido, como se esperaria de gente de bem, a função política do combate pela justiça, a equidade e a solidariedade, pilares de um Estado de direito democrático.

 

Teófilo Vaz