As eleições europeias são já em Maio e, embora não pareça, mexem já e muito com os partidos políticos em Portugal. Uns querem ver nelas um teste, outros vêem somente um encargo e uma necessidade, porque se está na Europa. Para a Inglaterra, elas eram descartáveis, mas agora parece já não serem. Coisas do destino ou da má sorte. Lá como cá, também os partidos não se entendem muito bem.
Este ano, vive-se em toda a Europa, eleições para o Parlamento Europeu e preencher os lugares que cabem a cada país e a cada partido, com os deputados respetivos. É uma tentação, uma ambição e uma compensação. Os partidos tentam compensar os seus mais fiéis seguidores dando-lhes a oportunidade de não só representarem condignamente o seu partido e o seu país, mas também de ganhar uns cobres a mais do que ganhariam se por cá se mantivessem. Claro que estamos a falar de Portugal, porque em outros países isto não acontece, como é o caso dos países nórdicos onde certas mordomias como as que os deputados portugueses esperam, não existem. O trabalho é igual para todos, mas as ajudas, em todos os aspetos, praticamente não lhe são disponibilizadas. Eles que se desenrasquem.
Tal como por cá, os deputados que para lá forem querem as mesmas condições de alojamento, de assistência e de ajudas às despesas, sejam elas quais forem. Ora assim é que é. Se assim não fosse, as tentações e ambições de pisar as alcatifas dos corredores do Parlamento, seriam muito menores. Mas estas eleições, independentemente disto tudo, servem também os interesses dos partidos, quanto mais não seja, para tirarem ilações do peso que têm, antes das legislativas que mais lá para o fim do ano, terão lugar cá dentro. Catarina Martins do Bloco já se adianta neste aspeto, dizendo que as europeias testam condições do próximo governo. Na realidade, ela ameaça o governo ao dizer que vai está lá longe o cheque da pensão, o recibo do salário, as condições da saúde, vai estar na sala de aula, nos transportes e nas condições ambientais e em todo o lado da nossa vida quotidiana. E continua afirmando, que estas eleições vão decidir as condições do próximo governo de Portugal e decidir se ele terá ou não, condições para investir, para defender quem trabalha e quem constrói este país. Pois é. A franga do Bloco, já canta de galo!
Por outro lado, Jerónimo de Sousa do PC, já se diz alvo de ataques, no meio de uma campanha para denegrir o seu apoio a uma solução governativa, bem como estar contra as medidas implementadas ao nível dos salários e dos impostos. Claro. É preciso ver de que lado deverá estar quando as legislativas ditarem quem vai governar. Será galo ou virará mais um frango?
E o PSD? Paulo Rangel que já está na Europa e vai continuar a estar, com todas as mordomias a que julga ter direito, vem afirmar que o PS está com medo e muito nervoso com tudo isto, especialmente o caso do preenchimento de lugares de governação com familiares. Na verdade, Costa mantém-se muito mais calado do que é habitual e com alguma razão. É desconfortável. Mas para Rui Rio, tudo isto se resolve com eleições. Dito desta forma, até parece que está muito seguro quanto ao resultado que o partido irá ter em outubro. Não cantes de galo Rui, porque podes muito bem ser depenado.
O mês de campanha que decorre até 26 de maio, poderá, portanto, ser muito do que disse, mas pouco do que se espera. Estas eleições não medirão muito do peso dos partidos, tanto cá dentro como lá fora, mas para os líderes serão um barómetro da sua ambição e da sua liderança. Claro que isto pode dar-lhes a força necessária para melhor enfrentarem as legislativas de outubro, mas não pensem que tudo é assim tão linear. Julga-se mais depressa o que se passa cá dentro do que o que se passa na Europa. Os portugueses deixam um pouco à margem dos seus interesses, o que se passa em Bruxelas. A comunicação trata de os informar e relevar os interesses do que é mais apetecível. E, neste aspeto, se for preciso depenar os deputados que por lá se pavoneiam, não pensa duas vezes. É tudo uma questão de informação. Por cá interessa a geringonça e o modo como se vai comportar até outubro. Costa, sem adiantar as certezas que parece por vezes ter, vai tentando ler nas entrelinhas dos parceiros, os interesses que querem ver resolvidos para poder apoiar soluções que a todos interessem. Mas sente-se ameaçado e muito, apesar de, no Parlamento, se erguer confiante e determinado nas opções que toma em nome do governo.
Pois é senhor primeiro-ministro. Pode ser, mas não pense que é por querer ser galo que também não pode virar frango e ser depenado quando menos espera.