Transmontano vota em Trás-os-Montes!

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Com a constituição e ascensão da Geringonça ao poder, que tudo leva a crer se irá manter, a democracia portuguesa transfigurou-se no protótipo duma autocracia socialista, dissimulada, pervertida e, até ver, divertida.

O governo da Nação é agora dominado por uma oligarquia de famílias e compinchas, pretensa elite do partido dominante. Já nem é sequer o cartão partidário que conta mas o laço de sangue e a amizade comprometida. Igualmente sintomático é terem definitivamente congelado todas as reformas tendentes a corrigir os vícios maiores do Regime.

Entretanto, com a conivência dos partidos satélites e os delíquios epilépticos da oposição, a corrupção continua a minar a Administração Pública, a Justiça é uma bomba que ameaça implodir a democracia, a economia faz que anda mas não anda, os serviços públicos, com excepção do Fisco, andam ao deus-dará, as assimetrias regionais continuam a agravar-se e, maior de todas as desgraças, a raça portuguesa caminha inexoravelmente para a extinção.

Perigos que ameaçam a democracia mais do que os movimentos populistas genuínos que tardam a aparecer para resgate do Regime tido por patriótico, liberal e representativo. Liberal será, em demasia até, patriótico está mais que visto que o não é e representativo nunca o foi verdadeiramente.

Senão, veja-se o caso da lei eleitoral vigente que estabelece para Trás-os-Montes dois círculos eleitorais a saber: Vila Real que com cerca de 230 000 eleitores elege 5 deputados (2,17%) e Bragança que com cerca de 150 000 elege apenas 3 (1,30 %), enquanto Lisboa, Porto, Braga, Setúbal e Aveiro, por si sós, elegem mais de metade dos 230 que a Assembleia comporta.

Dizem os mais reacionários que Salazar não precisou de deputados para dotar o Interior de escolas, hospitais e fontanários. Contrapõem os situacionistas que Trás-os-Montes não tem representantes porque não tem eleitores. Certo é que todos os dias se dá pela sua falta.

Os transmontanos não são milhões mas são gente. E não são assim tão poucos quanto a actual lei eleitoral considera. Não se compreende, por isso, que a Região continue a não ter o peso político que democraticamente lhe compete.

Reformem a lei, promovam o pleno recenseamento e o voto dos transmontanos emigrados directamente nas freguesias de origem, recorrendo às novas tecnologias, claro está, e verão que o panorama muda de figura.

À falta de melhores dados, Barroso da Fonte refere que em 1984, só no grande Porto residiam cerca de 500 000 transmontanos. Acrescente-se outro tanto, no mínimo, para a grande Lisboa e muitos mais para a Europa e o Resto do Mundo (que alienígena círculo eleitoral é este?!), realçando que se trata de portugueses que continuam interessados no progresso da sua terra e, quiçá, no seu regresso.

Se assim for, os círculos eleitorais de Vila Real e de Bragança aumentarão largamente os seus eleitores e, com os deputados redistribuídos tendo em conta esta nova realidade, Trás-os-Montes ganhará mais substancial peso político, Portugal tornar-se-á mais coeso e o Regime mais representativo.

Transmontano vota em Trás-os-Montes!

 

Este texto não se conforma com o novo Acordo Ortográfico.

Henrique Pedro