Atravessamos tempos difíceis indubitavelmente. Por todo o canto e esquina deparamos com situações tão inusitadas e exasperantes como incríveis e aterradoras. Temos a impressão de que a humanidade corre sem rumo, fugindo do que não consegue solucionar e com medo de que algo terminal acabe efetivamente com a última réstia de esperança que lhe pode possibilitar a salvação.
Os acontecimentos que têm marcado este mundo nos últimos dias, tanto por cá como por lá, são tão exasperantes quanto aberrantes. Sabemos perfeitamente que os superiores interesses políticos e económicos, comandam desesperadamente os destinos das nações e dos governos, mas quando esses interesses se sobrepõem a um povo, a uma necessidade global de sobrevivência e colidem com uma ajuda humanitária que a comunidade internacional se dispõe a conceder, é simplesmente inqualificável. A máxima “antes quebrar que torcer” está aqui bem exemplificada. Não interessa a Maduro e ao seu governo se muitos venezuelanos morrem de fome e se nos hospitais há falta de medicamentos. Não interessa se não há dinheiro para comprar bens alimentares, até porque esses bens não estão à venda, também porque não há dinheiro para os adquirir. O que interessa é fazer frente a tudo e a todos em nome de uma democracia que não existe, em nome de um socialismo que nada mais é do que uma ditadura militar. O chamamento para uma realidade que lhe poderia render votos, não interessa. Rodeado de capangas militares, bem pagos e a quem nada falta, vai cantando vitória e ameaçando quem se lhe opuser. Até quando? Guaidó talvez tenha perdido uma batalha este fim-de-semana, mas certamente ganhará a guerra. Os venezuelanos ficaram a perder. Não tiveram acesso aos medicamentos importantes para tratar os doentes nos vários hospitais que anseiam por eles, adiando o sofrimento e a morte, nem aos bens alimentares para matar a fome que os atormenta diariamente. Impedir uma ajuda humanitária e destruir camiões de mantimentos é crime contra a humanidade. Que sanções vão ser aplicadas? Maduro é, neste momento um governante a prazo e ele deve saber que os ditadores têm os dias contados. Resta saber quantos mais lhe restam. Entretanto anda à deriva!
Também à deriva anda Costa cá por dentro e lá por fora. Com eleições à vista, accionam-se os motores para uma campanha diversificada. Para a Europa e para o Parlamento, o que conta é obter votos e quantos mais melhor. Espanha recebeu-o de braços abertos como a estrela salvadora para o PS espanhol e Costa discursou num arremedo de catalão, dizendo o que eles queriam ouvir, mas também para que os portugueses soubessem ao que ia e ao quer para cá. Campanha! A última remodelação ministerial dá bem conta disso mesmo. Foi uma promoção completa. Uns vão para a Europa onde se ganha bem e se passeia muito e outros de secretários vão a ministros sem ninguém saber quem são e o que fizeram. Não interessam perfis, talentos e percursos. O que é preciso é construir uma espécie de árvore genealógica, onde todos se relacionam e derivam uns dos outros e todos acabam por ter um mesmo interesse ou objetivo. A única diferença é que estes têm a cara desconhecida e isto acaba com a repetição dos ministros em pastas diferentes, mas acaba por ser quase uma oligarquia. Isto é muito mau. Vamos a ver o que tem a dizer a Catarina e o Jerónimo depois das eleições. Perante a inépcia dos outros partidos do espectro político nacional, parece-me cada vez mais certo que Costa ganhará este desafio. Resta saber a que custo. No entanto, parece-me que a Catarina anda à deriva também, empurrada pelos elementos mais conservadores. A vida custa!
No meio de toda esta confusão inusitada e complexa, faltava somente o absurdo. Como qualificar alguém que deixa uma fortuna de milhões a uma simples gata? Francamente! Sem dúvida inqualificável será a atitude deste senhor Lagarfeld que ao morrer deixa uma fortuna de 170 milhões à sua gata de quatro patas. Outra parece impensável! Aos olhos da justiça, não sei se isto é possível. Depende, obviamente, do país e das leis de cada um, mas um animal ser herdeiro de uma tal fortuna, parece simplesmente insano. Que deixasse alguém para cuidar da gata enquanto vivesse, seria o mínimo aceitável e para isso bastavam alguns milhares de euros, pois comer, lavar e asseio da bicha, custa dinheiro e pagar a quem o faça, igualmente. Até aqui é compreensível a deveras aceitável. Nada mais. Quando temos crianças a morrer à fome em países africanos e asiáticos, completamente desnutridas e sem medicamentos, ver um sujeito milionário a deixar a fortuna a uma gata, faz-me acreditar que a humanidade está a ficar louca. Exemplos destes são simplesmente incríveis e aterradores. O futuro é ao virar da esquina, mas parece-me que ainda andamos todos à deriva. O melhor mesmo é encontrar o rumo certo e rapidamente.