Ter, 20/09/2005 - 15:38
A música e a poesia tradicionais das aldeias do concelho de Macedo de Cavaleiros estão, agora, imortalizados num CD.
Este registo musical, que compila o riquíssimo património musical e literário popular, foi lançado anteontem, no Prado de Cavaleiros, em Macedo de Cavaleiros.
As músicas populares que marcaram, durante décadas, as aldeias transmontanas foram reunidas e deram origem aos 16 hinos que compõem o CD.
A música e a poesia popular serviam para passar o tempo à lareira, durante as noites frias de Inverno, para acompanhar as tarefas domésticas e para embalar as crianças. Algumas das músicas estão, ainda, ligadas às festas e liturgia cristã.
As aldeias que dão, agora, a conhecer os seus hinos são: Amendoeira, Bagueixe, Castelãos, Ferreira, Grijó, Cortiços, Macedo de Cavaleiros, Morais, Olmos, Murçós, Peredo, Salselas, Santa Combinha, Talhas, Vale da Porca e Vale Bem Feito.
No espectáculo de apresentação, os macedenses puderam ouvir as músicas ao vivo, com excepção do hino de Castelãos, uma vez que esta cerimónia coincidiu com o dia da festa da aldeia.
Entre os diversos hinos que foram reproduzidos, escolhemos duas, ao acaso:
Vale da Porca
Vale da porca é linda
Da montanha ao vale
Com o sol sorrindo
Viva o nosso Portugal.
Nós somos de Vale da Porca
Somos da terra da cal
Viemos aqui alegres
Oferece-Ia ao hospital
Nós somos de Vale da Porca
Da natureza bravia
O Hospital não se esquece
Nem de noite nem de dia.
Vale da Porca é lindo
Da montanha ao vale
Com o sol sorrindo
Viva o nosso Portugal.
Senhores ministros presentes
Viemos agradecer
Benefícios recebidos
Que não se podem esquecer.
Viva Macedo de Cavaleiros
Viva tudo em geral
Viva, viva para sempre
O nosso bom hospital.
Este poema foi feito para representação de Vale da Porca no cortejo de oferendas realizado a favor do Hospital de Mac. Cavaleiros 1951.
Letra: Josefa Maria Vergueiro, natural de Bragança, moradora em Vale da Porca. (Já Falecida)
Música: Carlos Batista. (2005)
Grijó
Refrão
Cá está Grijó sempre alegre e a cantar
Basta ela só para tudo animar
Com os seus vinhedos e seus arvoredos
É a nossa terra aldeia sem par.
Quando à noitinha p' ra fazer a ceia
As raparigas com um sorriso
Vão buscar água à fonte da nossa aldeia
Dizem ao Zé que as rodeia ora Deus te dê juízo.
Ó linda terra tudo em ti é formoso
O prado e a serra jardim em flor
Deita mais brilho é mais sádio o ar
Brilha em ti mais o luar e o sol dá mais calor
Vamos cantando desta terra a beleza
O seu encanto, ela é modesta
Grijó parece uma pequena cidade
Sem orgulho e sem vaidade com o coração em festa.
Letra: Padre António Joaquim Ribeiro, Pároco da aldeia. Década (50)