Ter, 30/08/2005 - 15:05
As barracas de CD´s ficaram mudas, os agentes da GNR tiraram o bivaque em sinal de respeito e só se ouvia a Banda de S. Mamede de Ribatua que, em tom solene, marcava a cadência da longa procissão.
Debaixo de um sol escaldante, milhares de pessoas acompanharam a imagem de S. Bartolomeu, manifestando a sua fé no santo mártir. A tradição repete-se, em Argozelo, ano após ano, arrastando fiéis de diversos concelhos do distrito de Bragança. O grosso dos presentes são argozelenses, que nunca deixam de se despedir de S. Bartolomeu, antes de fazerem as malas para rumar a Espanha e França, ou a outras localidades do País.
É ali que fazem as suas vidas, a pensar no regresso em Agosto, no Natal e, quiçá, na Páscoa. Por isso, a mensagem do pregador de serviço, na hora do andor entrar capela primitiva, é sempre dirigida aos argozelenses que tiveram de partir à procura de melhores oportunidades.
Lágrimas no adeus
É neste ambiente comovente que a imagem entra no santuário, com centenas de lenços a dizer adeus e muitas lágrimas a cair pelos rostos fustigados pelo sol. “Que São Bartolomeu vos acompanhe por esse mundo fora e nos continue a unir, aqui, neste dia”, vaticinava o pároco de Argozelo, cónego João Gomes.
Carregado de flores e fitas que seguram as ofertas em dinheiro, o santo mártir dá corpo a uma festa que se prolonga pela noite dentro. Depois da procissão, é tempo de conviver nas barraquinhas do santuário, comprar medalinhas e imagens de S. Bartolomeu, ou medir forças num jogo de peso, em que o objectivo e lançar mais longe um bloco de betão.
Na vila, continuava montado o palco por onde desfilaram os grupos que animaram as Festas de Santa Bárbara e Nossa Senhora das Dores. Em Argozelo é assim! A população triplica, as festas sucedem-se e, quando Agosto chega ao fim, espera-se que o ano passe rapidamente para que o Verão regresse o mais cedo possível.