Ter, 12/04/2005 - 17:08
A AIDLCM nasceu há cerca de 50 anos, tendo sido fundada por docentes franceses e nórdicos preocupados com a defesa das línguas e culturas ameaçadas.
De acordo com a organização, estes idiomas minoritários “são a expressão de um viver” e, como tal, não se podem deixar desaparecer. “Quando isso acontece é o património cultural da humanidade que está em perigo”, considera António Bárbolo Alves, membro do concelho administrativo da AIDLCM.
Para evitar o desaparecimento de alguns idiomas, aquela associação organiza um congresso bianual, que já passou por vários países e este ano decorre em Portugal.
A escolha de Miranda do Douro, em particular, foi decidida há dois anos, em Turim (Itália) e prende-se com a posição da “Lhéngua” e da cultura da Terra de Miranda neste contexto, pois fazem parte daquela associação há quatro anos. O congresso vai, assim, reforçar a identidade mirandesa dentro do panorama europeu de línguas minoritárias.
Envolver as escolas
Segundo António Bárbolo Alves, a função da AIDLCM é chamar a atenção das autoridades locais, nacionais e internacionais para a especificidade de cada língua, pelo que o bilinguismo estará em foco.
Outras das tónicas funcionará como um alerta ao Ministério da Educação para a aprendizagem Mirandês nas escolas, “já que é um direito consignado legalmente, mas tem sido protelado todos os anos”.
Por outro lado, acrescenta o investigador, “é importante convocar os especialistas que têm experiência em outras línguas minoritárias para saber qual é a vantagem de um país em ser bilingue”.
No tocante ao futuro do Mirandês, António Bárbolo Alves entende que esta questão está sempre em aberto. “O futuro das línguas minoritárias, num contexto global, é cada vez mais promissor, mas é preciso demonstrar qual é o valor cultural dessas línguas”, sustenta o especialista. Caso contrário, “cada vez mais assistiremos a uma catástrofe a nível mundial, em que se regista o desaparecimento de cerca de 25 línguas minoritárias em cada ano”, receia António Bárbolo, acrescentando que o Mirandês “está incluído neste contexto linguístico”.
No caso da Europa, são 19 as línguas que desaparecem por ano, números preocupantes para os estudiosos do Mirandês.
Este será, sem dúvida um dos temas que aquecerá o Congresso, que está orientado para o contexto das “Línguas Ameaçadas: Bilinguismo e Aprendizagem das Línguas”.