Seca é dramática

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Sex, 18/03/2005 - 12:36


Director Regional de Agricultura teme elevados prejuízos para a vinha e olival

Se a seca continuar, há culturas em Trás-os-Montes e Alto Douro que podem perder-se definitivamente.
A hipótese é levantada pelo próprio director regional de Agricultura de Trás-os-Montes, Fernando Martins, que teme perdas irremediáveis para a vinha e olival da região. “Nunca se viveu uma situação de dois Verões seguidos com tão pouca água e não estou a ver as vinhas do Douro a aguentarem dois ciclos de seca consecutivos”, considera o responsável.
Após um mês de Outubro em que choveu em abundância, há quase cinco meses que Trás-os-Montes não vê a água cair em quantidade. Por isso, as pastagens não cresceram e as culturas anuais como o centeio, trigo, aveia e batata seguiram a mesma tendência. Algumas já estão perdidas, mas o pior ainda poderá estar para vir. É que há árvores de fruto, vinhais e olivais que podem secar definitivamente se a chuva não começar a cair. “Corre-se o risco de começar do zero, caso as culturas vegetais sequem definitivamente”, reconhece Fernando Martins.
O director regional considera, por isso, a situação das plantações muito mais grave do que a das pastagens para o gado.

“Água não se arranja”

“O problema é garantir que as culturas sobrevivam. A alimentação dos animais pode comprar-se, mas a água não se arranja”, esclarece o responsável. Ou seja, se os animais não têm pastos “dá-se palha e forragens compradas, sejam elas portuguesas ou espanholas”. E, como já há agricultores em dificuldades financeiras que não podem arcar com mais facturas da compra de alimentos para o gado, o responsável já solicitou medidas de apoio ao Ministério da Agricultura. “No início de Fevereiro solicitei ao senhor ministro apoios para a alimentação do gado semelhantes aos que foram concedidos aos agricultores do Alentejo”, revela Fernando Martins.
Quanto à rega da vinha, oliveira e demais culturas, o caso muda de figura. “Não podemos pegar num auto-tanque e começar a regar tudo. Isto só se resolve com chuva, e em quantidade”, considera o responsável da DRATM.
Caso a seca deite tudo a perder, Fernando Martins teme uma situação dramática. “Como é que se compensam todas as perdas de vegetais?”.
Acresce que Trás-os-Montes nunca assistiu a tamanha falta de água. “Nenhum técnico florestal pode antever o que vai acontecer, porque estamos perante uma situação de seca nunca vista”, assegura Fernando Martins.

J.C.