Quanto vale um voto?

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Ter, 21/09/2021 - 09:07


Chegámos ao tudo por tudo da campanha eleitoral. Estamos naquele momento em que só falta ouvir “vamos curvar as rectas e desfazer as curvas”. 
As pessoas são abalroadas pelas chamadas “cordas” ou mais conhecidas “caravanas”. É bailes, é chapéus, canetas, é discursos aos gritos. Sim, a gritar parece sempre que é tudo verdade.
Esta é uma forma de ver as coisas com algum sentido de humor. Mas, até onde vai o derradeiro desespero? E quando as canetas, as bandeiras  e  os  gritos  não  resultam o que há a fazer? Vamos saber de votos? Além de ir buscar votos, que é o normal, foram buscar eleitores. 
Segundo dados da Administração Eleitoral da Secretaria Geral do Ministério da Administração Interna, o distrito de Bragança ganhou 735 eleitores, entre 15 de Junho e 11 de Setembro, quando encerraram os cadernos eleitorais para as eleições no próximo domingo. 196 são pessoas estrangeiras. 
Como fica a democracia no meio disto? Que gente é esta que vem cá votar? Serão os netos de Lisboa que se recensearam cá há três meses? Isto não é “chico-espertismo”, isto é inaceitável. 
Dirão muitos: - Olha esta que vem agora falar como se isto fosse novidade? Bem sei que nas autárquicas, andam sempre com estas “maroscas” de mau carácter e toda a gente finge que não vê. Não, não é este o nível de políticos que devemos ter. Costumo dizer várias vezes que não há políticos sérios com povo corrupto nem vice-versa. 
Até eu durante este fim-de-semana passei por uma situação que exemplifica bem o nível em que estamos. Vou contar resumidamente. 
Fui ajudar uma pessoa amiga a fazer a vindima a uma aldeia e, no final como é normal, fomos merendar (a melhor parte, portanto). Estávamos a saborear um excelente cordeiro no quintal quando chegam quatro ou cinco pessoas ao portão. Quem eram? Políticos a fazer campanha. Até aí tudo bem. Pedem para entrar e vêm então com as canetas e uns bloquinhos, considero utensílios bastante úteis. Mas não é que não tive direito a tão nobres objectos! Ouço alguém a dizer ao candidato ou lá quem era: a essa não que não vota aqui! Há que poupar, muito bem! Provam que vão fazer um bom trabalho, vão administrar bem. Só gastarão com quem for rentável, ironicamente falando.
E nesse momento ouvia-se no meu pensamento: Meu Deus, estamos a bater no fundo!!!
A parte positiva? É que só quando batemos no fundo é que podemos começar a subir. 
Pensando bem, a política no geral não é atractiva, o que leva a que as pessoas com competências não se metam nela. Não se revêem nos projectos em prol do bem comum e isto é, realmente, o problema. Porque nós só podemos votar nos que nos são colocados à disposição, ou seja, os escolhidos. E vamos ser obrigados sempre a escolher o “menos mau”. 
Na próxima edição já terão decorrido as eleições e já traremos todos os resultados do distrito com as respectivas reações dos eleitos. Até lá, vamos reflectir e tentar votar em consciência. 

 

Cátia Barreira