Ter, 24/09/2019 - 02:02
A informação livre é um dos esteios das sociedades democráticas, suporte de decisões dos cidadãos com a necessária autonomia, condição para o exercício da verdadeira liberdade política, uma referência civilizacional de difícil concretização porque também depende de factores que estão para além da racionalidade.
De qualquer modo, os caminhos fazem-se caminhando e vistos os resultados dos dois séculos e meio que levamos na construção de sistemas democráticos modernos, não parece haver razões de desânimo, apesar de rotundos fracassos que empurraram o mundo para banhos de sangue, deixando-nos perplexos, tomados pelo medo e propensos à tentação de esperar que passem as tempestades e voltem tempos bonançosos, como se os ritmos da humanidade pudessem ser determinados por realidades estranhas a cada um de nós.
Não foi fácil, até agora,
encontrar condições para ga-
rantir uma informação absolutamente livre, porque tem sido objecto de recorrentes tentativas de manipulação e controle, mesmo de condicionamento efectivo um pouco por todo o lado, com consequências trágicas para a inteligência e para a dignidade de gerações sucessivas, que não chegaram a ter consciência da sua importância no tempo curto que lhes foi concedido viver.
A condição de negócio que também caracteriza a actividade informativa, comporta riscos reais de inviabilidade para órgãos de comunicação que têm que pagar salários e tecnologias, mas não podem ceder às chantagens de interesses económicos, de ideologias políticas ou religiosas nem de grupos de pressão que conjunturalmente detenham um peso específico capaz de instalar a confusão. Nos últimos tempos multiplicaram-se ameaças à permanência de órgãos de comunicação que persistem no trabalho honrado, mas ainda sobram exemplos que, mais dia, menos dia, hão-de frutificar.
À nossa medida temos dado o contributo possível para afirmar a democracia como forma de organização política apropriada para o futuro da humanidade. Por isso, não navegamos os ventos que nos conduziriam à bacoquice que faz da política e dos políticos os bombos de uma festa arrepiante. Neste tempo eleitoral quisemos ouvi-los e confrontá-los com os efeitos das omissões que sentimos e das decisões que tomaram, com consequências inelutáveis para esta região.
Cumprimos o dever de partilhar informação útil para a decisão dos cidadãos que nos quiseram ler e ouvir, neste jornal e na Rádio Brigantia. Em plena campanha eleitoral vamos realizar um debate com candidatos pelo círculo de Bragança dos seis partidos com assento parlamentar. Não será mais um debate requentado sobre os temas que ocuparam as televisões e as rádios de impacto nacional, porque neste distrito vivemos problemas próprios que não podem diluir-se em pretensas questões nacionais e os deputados terão obrigação de representar, com verticalidade e coragem, os que os vão eleger. Entretanto, continuaremos atentos para os confrontar com os resultados do seu exercício, com lealdade e frontalidade, como cabe aos que se dedicam ao trabalho de contribuir para que a cidadania confirme o seu papel na história da humanidade.