Ter, 26/10/2021 - 09:16
O que é afinal o famoso 5G?
A Comunidade Intermunicipal das Terras de Trás-os-Montes tem vindo a reclamar que o projecto-piloto de instalação do 5G comece pela região. Os Autarcas reivindicam o mesmo, mas, talvez, devêssemos perceber o que é que nós queremos concretamente.
Resumidamente, o 5G é o termo utilizado para designar a 5ª geração de redes móveis e trará mais velocidade para downloads e uploads, cobertura mais ampla e conexões mais estáveis. A ideia é usar o melhor espectro de rádio e permitir que mais aparelhos acedam a internet móvel ao mesmo tempo.
Mas, o que precisamos é de velocidade? Reivindicamos 5G em zonas onde, actualmente, nem rede GSM ou 2G existe em condições!
Podem meter 5G ao lado da igreja, da junta de freguesia ou colocar uma antena em cada candeeiro da rua? Não pode ser, logicamente. Portanto, não estejamos a falar de 5G como se viesse resolver os nossos problemas mesmo que comece a ser instalado pelo nosso território.
A questão não está no problema, propriamente dito, que esse está identificado. O problema está nas soluções que não aparecem e não é o 5G, por si só, que vai resolver.
O secretário de Estado da Transição Digital, André Aragão Azevedo, na sua passagem por Bragança, na semana passada, garantiu que “é um objectivo que está a mobilizar o Governo no seu conjunto estender a cobertura de rede móvel e fixa a todo o território, não só à população, mas a todo o território” e que haverá verbas para aumentar a cobertura não apenas em termos de percentagem de população, mas de território.
Ora, na Resolução do Conselho de Ministros (RCM, nº7-A/2020) de 7 de Fevereiro relativa à introdução em Portugal da 5ª geração de comunicações móveis diz o seguinte:
Até ao final do ano de 2023 devem estar dotados com redes 5G: I) Os concelhos com mais de 75 mil habitantes; II) Todos os hospitais públicos, 50 % dos centros de saúde públicos situados em territórios de baixa densidade e 50 % dos centros de saúde públicos do litoral, que não se encontrem já cobertos por rede fixa de elevado débito; III) Todas as universidades e institutos politécnicos; IV) 50 % das áreas de localização empresarial ou parques industriais dos concelhos do litoral e 50 % das áreas de localização empresarial ou parques situados em territórios de baixa densidade; V) Os aeroportos internacionais; VI) As instalações militares prioritárias, tal como definidas pelo membro do Governo responsável pela área da defesa nacional.
Devemos reivindicar a mesma tecnologia das grandes cidades? Se calhar não, mas talvez a solução seja outra. Vejamos o modelo espanhol, não há disponibilidade de todas as operadoras nos meios mais rurais, mas há uma, pelo menos, com boa cobertura e que permite às pessoas comunicarem-se. Pode ser esse o pequeno investimento que precisamos para as nossas aldeias.
Quanto às cidades e vilas com potencial empresarial é certo que precisa de 5G e por questões óbvias. De resto, podemos ficar com as paisagens bonitas e o ar puro que torna a nossa região paradisíaca!
Cátia Barreira