Salsas: a apoteose da festa dos Reis

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As tradicionais festas de mascarados do solstício de inverno encerram o seu ciclo com a celebração dos Reis. Em Salsas, no município de Bragança, os Reis dos Caretos tiveram o seu início logo no primeiro dia do ano, devendo, este ano, ter o seu encerramento a 7 de janeiro. Nesse dia, a apoteose estava formalizada com o desfile de vários grupos de mascarados, vindos de todas as partes do distrito, do Douro Sul e da vizinha Sanábria e no ritual da Queima do Ano Velho. Porém, as condições meteorológicas impediram que tal assim acontecesse. Desta forma, a organização (Associação dos Amigos dos Caretos e da Junta de Freguesia, com o apoio da Academia Ibérica da Máscara) viu-se forçada a adiar este ritual emblemático para o dia 21 de janeiro. Assim aconteceu. Para animar os festejos, além dos caretos de Salsas, acorreram o grupo dos vizinhos de Arcas e os de Lazarim. Às seis horas da tarde, em janeiro, é noite cerrada. A essa hora e ao som da gaita-de-foles, das caixas de ritmo e dos bombos, dá entrada no largo da Antiga Estação o carro de bois, puxado pelos caretos e transportando os quatro elementos da natureza – Terra, Água, Ar e Fogo – estacionando junto ao Homem de Vime, uma efígie gigantesca representando o Ano Velho. O ritual de encerramento começou com uma peça de teatro de rua, encenada pelo grupo da Cooperativa Xambra. A encenação introduziu o ritual da Queima do Ano Velho. Os quatro elementos da natureza, simbolizando os males que aconteceram e que recaíram sobre as culturas e sobre as populações, no passado ciclo agrário. O ritual, dirigido por três caretos de Salsas, contemplava a introdução dos elementos representativos dos males no ventre do Homem de Vime. O mesmo ritual conduziu ao desfecho da queima do Ano Velho, perante gritos de júbilo e ruidosas chocalhadas dos caretos presentes. Em Salsas, cumpriu-se o ritual da purificação, em conformidade com a tradição de raízes celtas. As comunidades da região podem agora esperar bons augúrios no Ano Novo que agora teve o seu início.

António Pinelo Tiza