Protagonismos, ferrovia e efemérides

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1 - Embora ocupe e tenha ocupado centenas de cidadãos, não há nenhum Curso Regular

de Gestão Autárquica. Havendo casos evidentes de erro de casting também é certo que são reconhecíveis vários presidentes, muito competentes, alguns deles, autênticos mestres (que belíssimos professores seriam no Curso Superior de Gestão Autárquica!) Sem deixar de reconhecer a possível existência de outros, tive o privilégio de trabalhar com dois dos melhores e que, curiosamente, sendo exemplares na arte de bem governar, eram distintos em quase tudo, exceto num ou noutro aspeto, nomeadamente na capacidade de inclusão de críticos, opositores e pensadores divergentes. Para além disso e em complemento, quer Artur Pimentel, quer José Gama, sempre souberam que tudo o que de relevante acontece no município acaba por cair no colo do Presidente da Câmara. Por isso, inteligentemente, apoiavam todas as iniciativas, desde que válidas, viessem elas de onde viessem. Em vez de desperdiçarem energias a desvalorizá-las ou mesmo a ignorá-las para depois se verem na “obrigação” de arranjarem substituição adequada que poderia, na melhor das hipóteses, ser gémea da recusada. Para além dessa vantagem prática cumpriam assim um dos mais importantes desígnios dos dirigentes do interior: promover a unidade em vez da divergência. É que nós todos, unidos, já somos poucos. Divididos, somos muito menos!

2. É com alegria e satisfação que constato a conversão de alguns autarcas à causa da ferrovia. Para já “apenas” colhe a opinião favorável a linha do Douro. Será, estou certo, uma questão de tempo até que a atenção dos dirigentes regionais se concentre nas linhas de caminho de ferro de via estreita. A do Sabor, em concreto, não pode deixar de ser equacionada numa análise séria sobre o escoamento do produto das minas de ferro do Felgar.

3. Muita alegria e regozijo me causou o anúncio das comemorações dos 150 anos do nascimento do padre José Augusto Tavares, o Abade de Carviçais. Descentralizadas, tal como sempre advoguei, irão ocorrer na Lousa, Moncorvo e Carviçais. Mais do que justificadas e bem vindas mesmo que deslocadas no tempo pois foi a 4 de abril que o prelado nasceu e não a 24 de novembro. Parecendo descabido não ter havido o devido aproveitamento de uma inciativa de vários moncorvenses ligados a Carviçais que, muito a tempo pretenderam que a efeméride acontecesse no dia adequado, estou certo que tal não se deve a descuido ou outras razões menores, por parte da autarquia. Não conhecendo em concreto as razões deste considerável adiamento não tenho dúvidas que apenas uma terá força suficiente para o justificar: o espólio do pároco e arqueólogo foi definitivamente catalogado, recuperado e estará por fim, disponível para integrar o Museu Municipal de Arqueologia cumprindo a sua vontade e culminando as diligências com a Diocese e o Seminário de Bragança que tinham, há mais de um ano, entrado no bom caminho!

José Mário Leite