Opinar na desportiva

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Bons dias minha gente. Ainda neva por aí? Muy belas fotografias se tiraram. Bem, hoje vou falar de futebol. Não há como driblar este tema, por isso vou apresentar-vos um pequeno rodízio do que realmente importa saber, no caso de viverem em alguma gruta ou caverna alienada da realidade e por algum acaso inenarrável terem encontrado esta folha de jornal. Para começar estamos em 2018 e há um senhor que se chama Bruno de Carvalho (BdC) e que é como um pai bêbado para os sportinguistas. Não é que seja mau pai mas quando faz aqueles números de se pôr a dançar de gatas nas festas populares ou de subir ao palco e começar a tirar a roupa é particularmente desconfortável. A chamada vergonha alheira. Aliás, proponho que se faça ao BdC o mesmo que se fez com o BES. Dividi-lo em duas partes. O BdC bom e o BdC mau. O Sporting fica com a parte boa que controla as contas, aposta nas modalidades, faz boas vendas e puxa pela moral dos adeptos, e vende a parte má. A de adolescente que vive dentro do Facebook, rodeada de posters do Justin Bieber e de boiões de base para esconder as borbulhas; a de pai que diz coisas embaraçosas quando bebe dois copos; ou a de indivíduo indignado que não deixa nenhum contribuinte deste país sem levar a devida resposta. De modo que a parte má nem é para vender mas para dar. Com um cartãozinho a dizer “Obrigadinho chefe, ps: manter offline”. Além disso, temos hoje também aqueles senhores que dão pelo nome de comentadores porque como o próprio nome indica comentam as dores, exaltam as dores, agitam as dores e invariavelmente provocam fortes dores de cabeça aos que conseguem ter coragem para espectar as dores deles. Depois temos o VAR, que tem nome de robô de cozinha mas é apenas o vídeo-árbitro, que por sua vez soa a equipamento electrónico dos anos 90 mas são só uns senhores que estão a ver o jogo num café chamado “cidade do futebol” porque não querem gastar dinheiro com a SPORT TV em casa. A diferença dos senhores que estão nesse café é que além de poderem pedir minis e tremoços e de vez em quando um pica-pau ou uns caracóis, ainda têm um telefone que podem usar para dar opiniões directamente ao árbitro. Algo que eu considero bastante injusto e até decepcionante para todos os outros senhores que estão a ver o jogo nos outros cafés e lhes é vedada a possibilidade de entrar em diálogo directo com o árbitro. Inclusive para aqueles que vão sempre ao café ver os jogos mas nunca consomem absolutamente nada. A questão aqui é muito simples. Quando toda a gente pensava que o “vídeo-árbitro kills the maior parte da polémica no futebol português” eis senão quando os vídeoclipes do vídeo-árbitro trouxeram ainda mais sublevação. O que demonstra por um lado que a polémica é o nosso desporto nacional, ainda com mais adeptos do que o futebol, e por outro que o português vai chorar de qualquer das formas porque a mãe-natureza, mãe galinha, mãe-de-santo, o criou assim mesmo. Depois temos o caso dos emails que no fundo é uma reedição de uma série italiana que dava nos anos 80/90 que era O Polvo (azul). Com a única diferença de que agora excluíram as cenas em que juízes e demais cidadãos exemplares eram mormente perfurados por um milhão de balas de pistola-metralhadora vindas algures de uma janela entreaberta de um Fiat. Verdade que se perde bastante em celeridade na forma de julgar cidadãos infractores, mas ganha-se em delicadeza e em simpatia que são coisas que ficam sempre bem ao século vinte e um. Quanto aos Fiats não há nada a fazer, resta dar os parabéns por terem conseguido chegar ao século vinte e um, embora carreguem sempre o fardo dos anos 80 e dos mafiosos nas séries policiais. E provavelmente a mesmíssima qualidade. Do futebol propriamente dito, não há muito mais a dizer. No fundo, continua a ser uma correria atrás de uma bola, todos muito suados e irrequietos, a acotovelarem-se pontinho a pontinho e a sonharem com um lugar ao sol. Como sempre, no final de contas apenas um poderá fecundar. Enquanto isso apesar da reconhecida qualidade dos nossos árbitros, jogadores e treinadores, alguma comunicação social, juntamente com dirigentes, e opinadores vão continuar a ser bastante diligentes no que toca a manter a latrina devidamente conspurcada e nauseabunda. E é isto. O que se passa nas quatro linhas é como a pedra na sopa da pedra. Só serve para iludir os tolos e para fazer render o peixe até ao limite do fora de jogo. Um abraço na desportiva!

Manuel João Pires