Depois da ressurreição a nordeste

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Pois já se comeu o folar, já o padre, ou o imberbe seminarista benzeu as casas e agora resta-nos esperar que o tempo melhore para que o sol faça vestir de branco as árvores de fruto que temerosas do frio ainda se acanham de anunciar o verão, a flor e os frutos maduros.
Na política a Federação do partido Socialista de Bragança, já realizou o seu congresso. Um congresso morno, de lista única, na sucessão de Mota Andrade. Outros protagonistas surgiram, numa mudança que se diz de rumo ao futuro. Algumas personalidades que há muitos anos pertenciam ao secretariado, ou à comissão política distrital foram dispensados. O que aliás não tem mal nenhum e ninguém é instituível. Sem dúvida, a política faz-se com os dirigentes, mas sobretudo com os militantes de base que são a verdadeira razão de ser dos partidos políticos. Todos esperamos que esta renovação traga mais benefícios para a região, mais investimento, mais empego, mais serviços, melhor educação e melhor saúde. A força e determinação dos bragançanos fará o resto, na verdade somos determinados, mas pacientes. Assim, depois duma longa espera de quase sete anos, finalmente, o túnel do Marão irá abrir no próximo mês de abril. É razão para dizer que já não era sem tempo.
Anuncia-se também o regresso de alguns serviços da justiça ao distrito, nomeadamente cinco tribunais que tinham sido encerrados. Mas, na verdade, se é altamente positivo que isto aconteça, ficamos com a sensação que só se está a repor um serviço a que os transmontanos, que também pagam impostos, têm direito. Pois, repõe-se um serviço que nunca deveria ter sido retirado à região. Fez-se justiça.
Também, a seguir à páscoa, no calendário escolar, entra-se no terceiro período. Em tempos idos, os austeros exames do 5º e 7º ano, obrigavam às magníficas madrugadas para ir estudar para a mata de São Sebastião, ou da Florestal, pela manhã a mente fresca facilitava a aprendizagem. Dizia-se. Não acredito que nesse tempo a escola fosse melhor e os alunos mais aplicados. Acredito sim que nesse tempo os alunos estavam mais motivados, pois ao terminar o 5º ano dos liceus, qualquer aluno tinha garantido um emprego no Estado e com o 7º ano já se almejava um lugar num Banco ou nos quadros superiores da administração. Os tempos mudaram, felizmente a escola democratizou-se, mas infelizmente não há colocação para todos nos serviços do Estado ou no privado. Daí assiste-se a alguma desmotivação no meio escolar. Depois, também acho que a escola está e investir pouco no recreio, como defendia há pouco tempo, Moita Flores e eu concordo. É no recreio que se dissipam energias, é no recreio que se conhece o outro, se cultivam afetos e se intensifica o lúdico como elemento fundamental para a socialização.
Por outro lado, a Família também não se pode demitir do processo educativo dos seus filhos. A Escola não pode ser um local onde se depositam os filhos. Alguns pedagogos dizem, a Escola ensina a aprender, a Família educa. Eu prefiro dizer que a Escola e a Família ensinam a aprender e a educar. Contudo, é fundamental que a Família devolva aos professores a autoridade democrática a que têm direito, no sentido de serem respeitados no seu local de trabalho, enquanto formadores e responsáveis pela formação e educação dos mais jovens.
E são estas as breves notas que me ocorrem depois do tempo pascal que se pretende de ressurreição para o futuro, para a cidadania e para o progresso.
Todos não somos demais na defesa da nossa região, que paulatinamente esmorece a nordeste.

Fernando Calado