Infeção por Helicobacter pylori

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O Helicobacter pylori é uma bactéria que infeta e habita o estômago. De acordo com a Sociedade Portuguesa de Gastrenterologia, a infeção por Helicobacter pylori é “muito frequente” em Portugal, estima-se que afete cerca de 70% da população adulta. Na grande maioria dos casos a infeção adquire-se na infância, por via oral, através da ingestão de alimentos ou água contaminados e através do contacto entre os indivíduos. É uma infeção crónica, permanecendo durante anos, décadas ou mesmo toda a vida, sendo muito difícil a eliminação espontânea da bactéria.

Que doenças são causadas pela infeção por  Helicobacter pylori?

A maioria dos indivíduos infetado por Helicobacter pylori não manifesta qualquer sintoma ao longo do tempo. Dependendo da gravidade da infeção, os utentes podem apresentar sintomas como:

Sensação constante de enfartamento;

Ardor ou desconforto na zona do estômago;

 Sensação de indigestão;

 Náuseas;

 Vómitos;

 Dores de estômago antes ou após as refeições.

O Helicobacter pylori está na origem de:

 Gastrite crónica;

 Úlceras gástricas;

 Úlceras duodenais;

 Adenocarcinoma gástrico do tipo intestinal (e suas condições pré-malignas precursoras);

 Linfoma MALT gástrico;

 Anemia ferropénica;

 Deficiência de vitamina B12;

 Púrpura trombocitopénica imune (doença de coagulação autoimune caraterizada por trombocitopenia isolada (uma contagem de plaquetas <100,000/microlitro), na ausência de qualquer doença subjacente que possa estar associada a trombocitopenia).

Quando se deve diagnosticar o Helicobacter pylori?

O teste de diagnóstico da bactéria é solicitado se o médico achar que os sintomas atuais do doente podem ser atribuídos à bactéria ou se os resultados da endoscopia alta sugerirem a sua presença.

Também está indicada a pesquisa do Helicobacter pylori em pessoas que tiveram tumores ou úlceras (gástricas ou duodenais) ou com familiares de 1.º grau com cancro gástrico.

 

Como se diagnostica o Helicobacter pylori?

Há vários métodos laboratoriais de diagnóstico eficazes no despiste da Helicobacter Pylori, nomeadamente através de análise sanguínea (anticorpos), do teste respiratório (que procura a presença de um produto na respiração, após beber um determinado líquido), do teste na biópsia gástrica ou da análise microscópica, também de uma biópsia gástrica. Em casos muito específicos, pode ser necessário cultivar a bactéria em laboratório.

 

O Helicobacter pylori deve ser tratado?

As recomendações atuais consideram a presença de Helicobacter pylori como uma doença infeciosa, estando recomendada a erradicação da infeção quando esta seja diagnosticada.

 

Como se trata o Helicobacter pylori?

A eliminação do Helicobacter pylori é difícil de conseguir e, para isso, é necessário combinar vários medicamentos, nomeadamente vários antibióticos. É fundamental o rigor e a disciplina do utente no cumprimento das doses e dos horários da medicação.

Após o tratamento, deve-se sempre confirmar que a bactéria foi eficazmente erradicada. Para isso, utilizam-se alguns dos meios descritos para o diagnóstico da infeção.

Caso a bactéria ainda persista, é recomendado novo tratamento com diferentes medicamentos. Se a bactéria foi eliminada, não é necessário repetir no futuro qualquer tipo de teste. A taxa de reinfeção – probabilidade de, num ano, adquirir novamente a infeção – é baixa (2 a 3%).

 

Prof. Doutora

Mónica Bagueixa

Médica Especialista em Medicina Geral e Familiar no Centro de Saúde de Mirandela II

Unidade Local de Saúde do Nordeste