Voo livre na serra de Bornes

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Qua, 03/05/2006 - 15:52


Durante o passado fim-de-semana, as asas de voo livre voltaram à serra de Bornes, no concelho de Macedo de Cavaleiros.

Desta vez, a iniciativa não teve em vista a competição, mas sim o convívio entre “amantes” das alturas, no 1º Encontro Ibérico de Asa Delta Macedo 2006.
O encontro, organizado pelo macedense Valter Cavaleiro e pelo veterano português de Asa Delta José Ginja, trouxe a Bornes pilotos de parapente e Asa Delta de Portugal e da vizinha Espanha, entre os quais quatro representantes da Selecção Nacional. Como a prática das modalidades de voo livre está intrinsecamente dependente das condições atmosféricas, nomeadamente da velocidade e “qualidade” do vento, só no domingo é que os pilotos puderam levantar das rampas de descolagem da serra de Bornes.
O objectivo foi uma triangulação entre Bornes, Izeda, com aterragem na albufeira do Azibo. A meta foi atingida pela esmagadora maioria dos pilotos, depois de várias horas a planar com a ajuda do vento.
No final, duas carrinhas da Câmara Municipal de Macedo de Cavaleiros contribuíram para a recolha dos pilotos e das suas asas.

Bornes com boas condições

Embora só houvesse um dia de voo, Andrés Maján, da Federação de Aeronáutica da Estremadura (Espanha) afirmou que foi uma boa jornada de convívio entre portugueses e espanhóis.
Questionado sobre as condições de Bornes para a prática de voo livre, o responsável disse que, embora fosse a primeira vez que se deslocou àquele local, reconhece que tem boas térmicas e descolagens, afirmando mesmo que “é um bom local para se fazer um campeonato do mundo”.
Motivos suficientes para voltar ao Nordeste Transmontano “pelo menos uma vez por ano”, dando assim continuidade ao Encontro Ibérico de Asa Delta de Macedo.
A ideia de que Bornes é um local de excelência para a realização de um encontro de relevo internacional é também partilhada por José Ginja, o primeiro português a voar e a introduzir a Asa Delta em Portugal. A existência de térmicas consistentes, que permitem atingir tectos (alturas máximas de voo) na ordem dos 4000 metros, bons caminhos de recolha, boas descolagens e ventos para Espanha são os pontos que este piloto aponta para consolidar as vantagens de Bornes no contexto do voo livre. Esta opinião foi partilhada pela maioria dos pilotos, muitos deles com vários anos de experiência na prática desta modalidade.

Parque eólico compatível
com Asa Delta

Em relação ao planeamento de um parque eólico para Bornes, José Grinja afirma que não afectará o desenvolvimento das modalidades de voo livre naquele espaço, mas acrescenta que “preferia que não estivessem lá”.
No entanto, a garantia das margens de segurança de voo nas zonas de descolagem levam o piloto a concordar com a compatibilização do parque com a Asa Delta. Esta opinião foi, igualmente, vincada pelo representante espanhol.
O facto da organização do evento juntar elementos de Portugal e Espanha, teve como principal objectivo testar mecanismos para as futuras organizações de provas oficiais.
O evento contou com o apoio da autarquia macedense, Associação Comercial e Industrial de Macedo de Cavaleiros, Federação Portuguesa de Voo Livre e Federacion Aeronautica Extremeña (Espanha).