Ter, 09/01/2007 - 11:33
Foi julgado no país que governou durante algumas décadas com mão de ferro por um tribunal pretensamente isento e justo.
Não sei como é que a história vai registar este facto nem como os iraquianos irão reagir no momento actual. A guerra civil parece já um facto assente.
A justiça desta sentença, (embora eu ache que a condenação à morte seja uma brutalidade) não está em causa por todas as atrocidades que Saddam cometeu durante a sua vida e cujo exemplo mais marcante foi a chacina de milhares de curdos, através da utilização de armas químicas.
Penso que haverá muitos outros que deveriam ser julgados, mas não por um tribunal nacional do seu país e sim pelo Tribunal Penal Internacional de Haia.
Também Bin Laden deveria sofrer o mesmo destino pelo assassínio de milhares de pessoas inocentes que apenas tinham como objectivo o trabalho do dia a dia quando do ataque às Torres Gémeas de New York. O terrorismo é um cancro que não tem pejo nenhum em assassinar inocentes. Nada impede os terroristas de levar avante as suas ideias e matar ou morrer é o acto mais corriqueiro do dia a dia.
A invasão do Iraque pela Coligação Internacional chefiada pelos Estados Unidos da América, com a resistência da ONU, foi baseada na ideia da existência de uma quantidade massiva de armas químicas, o que mais tarde se verificou ser mentira; foi um erro pelo qual todos pagaremos e pelo qual todos os dias pagam inocentes que tentam viver uma vida normal no meio do caos provocado pela guerra.
Por essa razão, e por mais que nos doa, não deveriam ser julgados apenas Saddam Hussein e Bin Laden. Geroge W. Bush, Tony Blair e tantos outros deviam ser obrigados a assumir as suas responsabilidades. Todos, de uma maneira ou de outra são criminosos de guerra.
Estas podem parecer afirmações muito fortes ou talvez não. Sinto que a justiça ainda está muito longe de ser feita.
Os EUA assumiram a posição de árbitros internacionais, um pouco como um pai de toda a humanidade que tem a obrigação de castigar, sempre que algum dos filhos não se comportar segundo as regras estabelecidas. Só que esta situação tem causado muitos dissabores aos próprios americanos, veja-se o Vietname ou o Camboja e mesmo o Iraque onde todos os dias morrem soldados estrangeiros, na sua maioria norte-americanos.
Os Estados Unidos da América são, neste momento, a grande potência mundial, como foram, no seu tempo, o Egipto, a Grécia, Roma, mas todos eles, da mesma forma como surgiram assim acabaram, deixando para a história todos os seus feitos e obras inigualáveis.
O modo de vida norte-americano tem muitas virtudes, mas também, muitos defeitos. É sem dúvida um grande país, com potencialidades invejáveis, mas começa a olhar muito para o seu próprio umbigo. Ninguém é dono da verdade absoluta e ninguém deve sê-lo.
Nem tudo são rosas na “civilização” norte-americana. Vejam-se as mortes provocadas por alunos, pretensamente normais, que atiram indiscriminadamente contra colegas e professores. Veja-se a violência racial. Vejam-se as grandes assimetrias existentes dentro do próprio país onde nem todos podem viver o sonho americano.
Todas as grandes civilizações tiveram o seu fim. É a ordem natural das coisas.
Marcolino Cepêda