VINHAIS investe na madeira

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Ter, 04/10/2005 - 14:51


Depois do fumeiro, o município de Vinhais aposta na transformação de madeiras para gerar riqueza e aproveitar os recursos naturais do concelho.

O primeiro passo foi dado em Julho do ano passado, com a criação da ECOLIGUM – Madeiras Nobres de Vinhais, Lda, uma sociedade de capitais públicos e privados que, no próximo dia 23 de Outubro, lança a 1ª pedra da unidade de transformação que vai nascer da Zona Industrial de Vinhais.
O investimento ascende aos 800 mil euros, comparticipados pelos programas Agro e Leader, que será aplicado numa estrutura de transformação com 7.940 m2, sendo 1.256 m2 ocupados por um pavilhão industrial.
É nesta unidade que a ECOLIGNUM vai produzir soalhos, pavimentos maciços, folha de madeira, peças para mobiliário ou carpintaria, briquetes, forros e molduras, entre outros produtos.
A empresa pretende, assim, satisfazer as necessidades das indústrias de mobiliário e de construção civil do concelho de Vinhais, e não só. A comercialização de produtos semi-acabados de qualidade, com destino às indústrias de mobiliário do País, é outro dos objectivos da ECOLIGNUM. “Não vamos produzir móveis, mas peças que poderão ser facilmente usadas na indústria do mobiliário”, explicou fonte ligada ao projecto.
Neste sentido, a unidade que será criada em Vinhais vai ter equipamento de secagem industrial, de modo a responder às solicitações das empresas do sector.

Aproveitar a floresta

O facto do concelho de Vinhais possuir 17 mil hectares de floresta foi um dos motivos que levou autarquias, associações, instituições e empresas a abraçarem este projecto.
A sociedade possui um capital social de 50 mil euros, detidos em 37 por cento por todas as Junta de Freguesia do concelho e duas Comissões de Baldios. A Associação Florestal da Terra Fria Transmontana (ARBOREA) detém 17 por cento do capital, ao passo que a CMV e o IPB possuem uma quota de 14 e 2 por cento, respectivamente.
O restante pertence a 10 madeireiros e carpinteiros do concelho, que subscreveram 30 por cento do capital social.
Além das operações de descasque, serragem e secagem, o corte também está na linha de preocupações da ECOLIGNUM, que pretende gerir a floresta de forma sustentada. “Muitas vezes, os abates são realizados sem olhar às regras de boas práticas, ao passo que os equipamentos e a segurança não são os mais adequados e a reflorestação é executada tardiamente ou com os mesmos erros da florestação anterior”, lamenta Francisco Bernardes, técnico da Divisão de Desenvolvimento Rural da CMV.
No que respeita à comercialização, também há defeitos a corrigir. “Sabe-se que, após o abate, a madeira é comercializada directamente para o exterior, sem qualquer valor acrescentado para as populações do concelho, pois não se aproveita a qualidade das espécies aqui produzidas”, acrescenta o responsável.