Velocidade na mira das autoridades

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Ter, 13/06/2006 - 15:53


O número de mortos no IP4, principal via de acesso a Trás-os-Montes, regista uma queda que ascende os 50 por cento, segundo dados de 2006.

Para tal contribuiu o aperto da fiscalização e da vigilância por parte do destacamento de Bragança da Brigada de Trânsito (BT), principalmente durante o fim-de-semana, altura em que o tráfego é mais intenso neste itinerário, devido às centenas de carrinhas que transportam trabalhadores em Espanha em direcção à terra natal e vice-vesa.
“No IP4 circula um grande número de carrinhas que transportam pessoas que trabalham nas obras em Espanha e vêm passar o fim-de-semana com a família. São pessoas que trabalham muitas horas e, muitas vezes, quando saem do trabalho fazem-se à estrada”, salientou o 1º sargento Morais Fraga.
Para evitar excessos que podem causar acidentes com vítimas mortais, a BT passou a palmilhar o troço do IP4 entre Quintanilha e Mirandela com patrulhas, carros descaracterizados e radares fixos de controlo de velocidade.
Segundo Morais Fraga, a velocidade excessiva e as taxas de alcoolémia acima dos valores permitidos por lei, aliados às manobras perigosas, são as principais causas dos acidentes rodoviários.

Centenas de carrinhas
ao fim-de-semana

Por isso, as autoridades apertam a fiscalização, principalmente, nesta áreas, com vista à prevenção de acidentes rodoviários graves nas estradas do distrito de Bragança.
A tarde da passada sexta-feira, foi uma boa demonstração do aumento da fiscalização e vigilância, sobretudo no IP4.
A par das duas patrulhas que controlavam o excesso de velocidade através de radar fixo, um carro descaracterizado percorreu centenas de quilómetros, fiscalizando, sobretudo, as elevadas velocidades e as manobras perigosas efectuadas pelos condutores.
162 Km/h foi a velocidade mais alta controlada pelos agentes que seguiam no carro descaracterizado. O condutor de um “Mercedes”, trabalhador em Espanha, pôs o pé no acelerador para poder chegar mais depressa junto da família, mas acabou por ser travado pelas autoridades.
Até às 19 horas, a viatura sem identificação surpreendeu mais cinco condutores, todos eles por excederem, em larga escala, o limite de velocidade permitido naquela via.
Na mesma tarde, o radar fixo controlou 1035 veículos, dos quais 20 seguiam em excesso de velocidade.

Condutor a 243 Km/h no IP4

Apesar da média da velocidade detectada neste dia rondar os 150 Km/h, a BT de Bragança já controlou um veículo que circulava a 243 Km/h. no IP4, no troço entre Quintanilha e Bragança.
O valor elevado das multas e as penas acessórias são os factores que obrigam os condutores a pensar duas vezes antes de cometerem uma infracção. No entanto, a pressa de chegar ao destino ou, por vezes, a simples distracção levam os condutores a caírem nas malhas das autoridades.
Apesar de haver infractores que compreendem o trabalho levado a cabo pelos agentes da BT, também há quem não se conforme e, mesmo sabendo que infringiram a lei, acabam por reclamar verbalmente junto dos agentes.
Adão Mendes, natural do Marco de Canaveses, viaja todas as semanas entre Vitória (Espanha) e a sua terra natal e confessa que a fiscalização feita pela BT é fundamental para prevenir acidentes. No entanto, na passada sexta-feira, a conversa com o amigo que levava ao lado valeu-lhe uma multa no valor de 120 euros, após ter sido controlado pelo radar fixo.
Para além da fiscalização, o 1º sargento Morais Fraga realça que perceber as causas dos acidentes é fundamental, para se apostar na prevenção.
“Há dois anos, começámos a tentar perceber porque é que há tantos acidentes. Inicialmente, os elementos da BT de Bragança fizeram um curso de formação em Espanha, onde entraram em contacto com uma realidade diferente. Depois, passamos a investigar todos os acidentes com vítimas mortais”, acrescentou Morais Fraga.

Número de mortos
reduz de forma acentuda

Ao longo dos estudos, o 1º sargento esclarece que a par da velocidade excessiva, o álcool é a principal causa do despiste em 40 por cento dos acidentes. A título de exemplo, em 2005 foi controlado um condutor que apresentava uma taxa de alcoolémia de 2,94 g/l.
Na óptica de Morais Fraga a fiscalização traduz-se em prevenção, uma vez que os condutores acabam por ter mais cuidado quando se apercebem da presença das autoridades.
Para o 1º sargento, a aplicação deste modelo de actuação nas estradas do Nordeste Transmontano, principalmente no IP4, está na origem da diminuição do número de mortos nas estradas da região (ver gráfico).
No que diz respeito a números, este ano, até ao final do mês de Maio, registaram-se, apenas, dois mortos nas vias do distrito, um dos quais foi o resultado de um atropelamento no IP4. Em igual período do ano passado ocorreram cinco mortos, o que significa que o decréscimo do número de mortos é superior a 50 por cento.
Além disso, a BT realça que 40 por cento dos acidentes que ocorrem na via rápida envolvem condutores que residem fora do distrito.
Esta situação deve-se às centenas de veículos que atravessam o IP4, que se deslocam, sobretudo, da zona do Minho e do Marco de Canaveses em direcção a Espanha, onde se encontram a trabalhar durante a semana.