Ter, 28/03/2006 - 14:40
Na passada quarta-feira, o pároco da aldeia celebrou uma missa na capela da localidade, para homenagear a primeira habitante daquela aldeia transmontana que conseguiu comemorar 100 anos de vida.
O centenário de Maria Florência foi marcado pela força demonstrada por esta idosa, perante os obstáculos que o peso da idade lhe tem colocado ano após ano.
Por volta dos 60 anos, a cegueira obrigou esta tecedeira de profissão a abandonar o tear e a dedicar-se a outros trabalhos rurais, para preencher os seus dias.
Em dia de festa, esta anciã, com a emoção estampada no rosto, mostrou-se muito contente com a celebração da missa no dia dos anos, que reuniu grande parte da sua família e dos amigos.
Em tempos difíceis, os seus entes queridos contam que esta idosa sempre teve o coração do tamanho do mundo e fez os possíveis e os impossíveis para criar os seus seis filhos.
“Eu quero muito à minha mãe, ela sempre me ajudou como podia. Também tivemos os nossos desentendimentos, mas muitas vezes era para o bem dos filhos”, afirma Mariana Rodrigues, uma das filhas que está a tomar conta da anciã.
Primeira centenária da aldeia
Apesar de ter ficado viúva aos 55 anos, a idosa teve sempre força para encarar a vida e levar por diante os seus objectivos.
“Quando era garoto estive muitos momentos com a minha avó e cheguei a ajudá-la tanto no campo como a tratar dos animais. Sempre foi muito preocupada com os netos”, realça Francisco da Eira, um neto de Maria Florêncio que se deslocou, propositadamente, de Paris para assistir ao centenário da avó.
O afecto desta idosa para com a família é, igualmente, realçado pela bisneta Carla Marques que, apesar de viver no Minho, se desloca a Laviados sempre que pode.
As vivências desta centenária são vistas pelas filhas com muito orgulho que garantem que, enquanto tiverem forças, vão proporcionar a Maria Florência o aconchego de um lar.
Numa aldeia tipicamente rural, esta habitante dedicou toda a sua vida às lides da tecelagem e do campo.
A filha Mariana Gago recorda com saudade esses tempos, ao mesmo tempo que afirma que Maria Florência travou muitas amizades, através da sua profissão.
“Ela fazia trabalhos para muitas terras. Vinha cá muita gente de fora para lhe encomendar peças feitas no tear”, acrescentou esta habitante de Laviados.
Agora, com o peso da idade a dificultar-lhe os movimentos e com os problemas da cegueira, Maria Florência precisa da ajuda das filhas para fazer as tarefas diárias.