Ter, 16/05/2006 - 15:27
Há três anos que a paisagem transmontana não estava assim. Este ano tudo está diferente e mais alegre, muito à custa da chuva abundante que caiu no Inverno e da tromba de água que marcou o início deste mês.
Os tanques públicos estão cheios, a água corre abundantemente nas torneiras e é neste quadro que a visita às aldeias da região se torna mais apetecível.
Sábado passado, na aldeia de Montesinho, notava-se grande azáfama junto a uma casa onde obras de restauro avançam a passos largos. O imóvel vem dar mais um contributo para que Montesinho se torne numa das localidades mais bem preservadas da zona protegida a que empresta o nome. Mas não é tudo. É que Montesinho, além de contar com um leque crescente de casas recuperadas, é uma aldeia com vida, funcionando como um bom exemplo do que pode ser o desenvolvimento rural.
Além de um café aberto em permanência, dispõe de um Centro Interpretativo, Casa do Povo e de um número significativo de camas em regime de turismo rural, com contactos bem visíveis nas respectivas janelas e portas. Acresce que o próprio PNM também dispõe de unidade de alojamento, ao passo que um artesão retira proveito do trabalho da pedra nas épocas de maior afluência turística. Por isso, não é de estranhar que Montesinho seja das aldeias mais procuradas do Parque.
Agora, interessava é que o exemplo destas gentes fosse seguido pelas populações de outras localidades da região, em especial nas do PNM.
É que esta zona protegida oferece condições excelentes do ponto de vista paisagístico e cultural, mas falha no plano da animação. Ninguém gosta de visitar uma aldeia e não ter nada para fazer, nada que comprar e nada para tomar, porque o único café existente só abre quando calha. Aproveite-se, por isso, o fluxo de turistas no interior. Venda-se fumeiro e artesanato, aluguem-se casas e quartos, organizem-se caminhadas e cegadas à moda antiga, encene-se o fabrico do pão e a matança do porco na época própria, porque quem vem de fora gosta de conhecer algo mais do que os montes e vales.