Turismo em aldeia de contrabandistas

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Qua, 06/04/2005 - 11:17


Casares é a primeira aldeia de Trás-os-Montes e Alto Douro a receber um investimento na área do Turismo de Aldeia.

Trata-se de uma modalidade de Turismo no Espaço Rural que obriga os promotores a criar um mínimo de cinco unidades de alojamento no mesmo espaço.
Foi isso que a empresa “A Carqueja” fez na aldeia de Casares, concelho de Vinhais, a partir do restauro de cinco casas de arquitectura tradicional, que hoje protagonizam uma oferta turística inédita na região.
A partir de um investimento de 300 mil euros, comparticipados em 50 por cento pelo Ministério da Economia, a aldeia oferece cinco casas de Turismo de Aldeia com um total de nove quartos, que podem alojar 18 pessoas.
O gerente de “A Carqueja”, Fernando Costa, diz que o licenciamento do projecto, em Setembro passado, marcou o concretizar de um sonho antigo de investir no Turismo no Espaço Rural. “A escolha desta aldeia foi quase uma obra do acaso, mas a vontade de apostar no turismo já tem algum tempo, numa atitude partilhada pelos meus filhos”, recorda o empresário.
Do sonho à realidade, visitar hoje a aldeia de Casares é encontrar a Casa da Fonte, a Casa do Medronheiro, Casa da Figueira, Casa da Mina e Casa dos Picotinhos, cinco unidades apoiadas por uma recepção onde a empresa faz o acolhimento dos turistas.

Paredes com pedra à vista

A preservação da arquitectura tradicional foi um dos pontos de honra do projectista. Por isso, as casas mantém algumas das traves de madeira primitivas, as janelas à moda antiga, os varandins do segundo piso em castanho ou carvalho e o mobiliário a condizer com a rusticidade que se respira nos Casares.
Um dos aspectos que também salta à vista no interior das habitações são as paredes que “transpiram” pedra, em vez de azulejo, tinta ou outros materiais menos adequados a este tipo de unidades turísticas. “Quisemos dotar as casas de todo o conforto possível, mas sem retirar a tipicidade”, salienta Fernando Costa.
Prova disso é que as cinco casas dispõem de aquecimento central, televisão na sala e nos quartos, roupa de cama, cozinha totalmente equipada com louça, frigorífico, micro-ondas e, até, máquina de café.
As unidades começaram a receber turistas em Setembro passado e os resultados estão a agradar aos promotores do investimento. “Ainda estamos numa fase de divulgação, mas temos tido épocas boas, como o Natal, a Passagem de Ano e o Carnaval, em que a taxa de ocupação ultrapassou as expectativas”, salienta o responsável de “A Carqueja”.

Piscina e tasquinha a caminho

Na forja já está a construção de uma tasquinha, com posto de venda de produtos da terra, que vai nascer numa casa já adquirida para o efeito, que também será alvo de restauro. “Vai ser um local de convívio como as tavernas de antigamente, onde os turistas poderão adquirir pão, fumeiro ou mel para levar para as suas terras de origem”, explicou Fernando Costa.
Outro dos projectos que está em curso é a construção de uma piscina junto à Casa das Picotinhas. “No Verão esta zona é quente e a piscina será mais um espaço de convívio e lazer”, reforça o empresário.
A população local, por seu lado, recebe os visitantes com a habitual hospitalidade transmontana, até porque o turismo tem animado a aldeia.
Com muitas histórias para contar, alguns populares não deixam de recordar os tempos áureos do contrabando, respondendo aos anseios dos turistas desejosos de conhecer o quotidiano desta pequena aldeia fronteiriça.
Com um escasso número de habitantes, Casares salta para a ribalta, ao transformar-se na segunda aldeia da zona Norte a receber unidades de Turismo de Aldeia. A primeira foi o Soajo, concelho de Arcos de Valdevez, não pela mão de uma empresa privada, mas de uma associação de desenvolvimento.