Qua, 04/12/2024 - 10:17
Tal como em Setembro, os trabalhadores garantem que vivem sob “ameaças”. Berta Almeida afirma mesmo que lhe foi dito que se não fosse “assegurar” os serviços mínimos iria receber um processo disciplinar. “Tivemos uma reunião há pouco tempo com o provedor e o vice-provedor da Santa Casa e a única coisa que nos foi dita é que eramos suficientes, e que não iam meter mais pessoal, que a casa não tem dinheiro. Neste momento, até nos proibiram de tirar as nossas horas extras e usar as acumulações de feriado e não nos disseram o motivo. Fomos convocados, por e-mail, para ir assegurar os serviços mínimos. Fomos abordados pela coordenadora para irmos assegurá-los e eu disse-lhe que não ia e fomos “ameaçadas”, digamos, se não fossemos que íamos ter um processo disciplinar”, contou Também Luís Moreira garante que muitos colegas foram “ameaçados” e “têm receio” de receberem “sanções disciplinares” tendo, alegadamente, sido contactados para “não aderirem à grave”. O trabalhador conta ainda que há três pessoas “suspensas em casa” e “há extinções de postos de trabalho”, como é o caso do posto de trabalho dele, que “não deveriam ter- minar” uma vez que “fazem falta à casa” e “não ganham tanto quanto isso”. Aurora Gomes, responsável do sector social no Sindicato dos Trabalhadores em Funções Públicas e Sociais do Norte, afirma que esta é uma chamada de atenção à direção da Santa Casa para que a lei seja cumprida e que as condições de trabalho sejam garantidas. “A direcção da Santa Casa diz e faz tudo aquilo que quer à revelia da lei. Há um conjunto de irregularidades grande e que já foram denunciadas para as instâncias devidas, designadamente para a ACT e para o próprio centro distrital de segurança social. Portanto, tentamos pedagogicamente resolver a situação. A instituição claramente não quer falar connosco, portanto tivemos de tomar aqui outras medi- das mais duras para que de facto sejam resolvidos os problemas”, afirmou. Já o provedor da Santa Casa da Misericórdia, Duarte Fernandes, acredita que esta manifestação não tem “fundamento” e era “escusada”. O provedor esclareceu ainda, em relação às ameaças, que o que os sindicatos dizem é totalmente falso. “Tudo o que os sindicatos têm vindo a dizer nos comunicados, é tudo falso e calunioso. É um facto que não podemos fazer demissões de pessoas, mas também é um facto que ninguém me tenha contactado. Aliás, desde que eu estou nesta casa, a porta do meu gabinete está sempre aberta e nenhuma das pessoas intervenientes procuraram, algum dia e de alguma forma, falar comigo sobre assunto nenhum. Os sindica- listas nunca tinham sido recebidos e foram recebidos por mim no início do ano. A única coisa que eles fizeram foi mandar um e-mail ou outro a impor, nunca solicitaram nenhuma reunião para discutir assunto algum”, vincou. Na manifestação esteve ainda o secretário-geral da CGTP-IN, Tiago Oliveira, que referiu que “a pressão sobre os trabalhadores é uma constante” e deve ser “denuncia- da”. Para o secretário-geral da CGTP-IN não faz sentido que haja “trabalhadores com processos disciplinares” e “trabalhadores em processo de despedimento colectivo”, quando a falta de trabalhadores é “das principais dificuldades que tem”. Para Tiago Oliveira “esta administração não tem, neste momento, qualquer tipo de competência para estar a gerir e estar à frente de uma IPSS desta dimensão”. A manifestação aconteceu esta manhã com início na segurança social e terminou frente ao edifício da Santa Casa da Misericórdia de Bragança. Esta é já a segunda greve em três meses, em que os funcionários pedem “mais respeito e dignidade” melhores condições de trabalho.