TGV “mesmo aqui ao lado”

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Qua, 23/08/2006 - 09:53


Apesar da linha de comboio de Alta Velocidade, que ligará a Galiza a Madrid, passar a cerca de 50 quilómetros de Bragança, o governo espanhol não garante qualquer paragem na zona da Puebla de Sanábria.

Trata-se duma pretensão partilhada pela população sanabresa e pelo edil de Bragança, Jorge Nunes, que não encontra eco no Plano Estratégico de Infra-estruturas e Transportes (PEIT) espanhol. Recorde-se que, aproveitando a visita a Bragança do primeiro-ministro, José Sócrates, o documento foi apresentado às autoridades portuguesas, no passado mês de Maio, sem que fosse garantida uma paragem do comboio de Alta Velocidade em Puebla de Sanábria.
Aliás, no mapa divulgado na sessão que decorreu no Teatro Municipal de Bragança nem sequer consta a localidade sanabresa, já que o PEIT mostra, apenas, que a rede básica de Alta Velocidade vai ligar Pontevedra (Galiza) à capital espanhola, atravessando a província de Castela e Leão, a poucos quilómetros da fronteira do Portelo.
Quanto a paragens, as cidades mais próximas de Puebla de Sanábria que figuram no PEIT são Ourense e Zamora e, mesmo assim, não há garantias duma paragem do comboio de Alta Velocidade nestas localidades.

Terra Fria tem esperanças

Sabe-se, porém, que a nova linha que atravessará o território espanhol destinar-se-á, exclusivamente, ao transporte de passageiros e vai entroncar, em Pontevedra, com a linha de transporte misto, que terá ligação com o futuro comboio de Alta Velocidade português na zona do Alto Minho.
Sendo assim, as pretensões da Associação de Municípios da Terra Fria Transmontana (AMTFT), que mandaram elaborar um estudo sobre a viabilidade de novas ligações rodo e ferroviárias entre a Terra Fria Transmontana e o Noroeste da Província de Zamora, parecem não corresponder às intenções dos governos de ambos os lados da fronteira.
O documento da AMTFT conclui que “a passagem da ferrovia de alta prestação na Puebla de Sanábria volta a colocar em cima da mesa a hipótese de reactivar a ligação entre a linha do Douro e Bragança, através da linha do Tua”. Além disso, também é considerada a hipótese duma futura ligação ferroviária entre Bragança e Puebla de Sanábria, integrando as redes portuguesa e espanhola.
Numa notícia publicada pelo Jornal NORDESTE a 24 de Abril de 2001, o então presidente da Associação de Municípios de Trás-os-Montes e Alto Douro (AMTAD), Jorge Nunes, realçava a ligação à Puebla como uma alternativa para “desencravar” a região transmontana, que ficaria mais próxima da rede europeia de alta velocidade.

Alta Velocidade criou expectativas

Já o actual presidente da AMTAD e presidente da Câmara Municipal de Chaves, João Baptista, recorda que, durante os estudos efectuados no lado espanhol, foi posta a hipótese da linha Alta Velocidade passar no Norte de Portugal. O objectivo era evitar os elevados desníveis existentes no outro lado da fronteira, uma possibilidade que criou alguma expectativa nos autarcas de Trás-os-Montes.
No entanto, João Baptista reconhece que a passagem do TGV na região é, apenas, uma aspiração do poder regional, visto que a Alta Velocidade já tem traçados definidos, tanto em território português como espanhol.
Tanto assim é que a ligação Zamora – Porto não faz parte do plano de Alta Velocidade português, onde estão vincadas as ligações transfronteiriças acordadas na cimeira Luso-espanhola, que decorreu em 2003. Afinal, Porto-Vigo, Lisboa-Madrid, Aveiro-Salamanca e Évora-Faro-Huelva são os corredores que interessam aos governos português e espanhol.