Ter, 20/12/2005 - 15:24
António Cravo assina o prefácio e considera a obra uma autêntica “criação popular… intimamente ligada à realidade”, de quem viveu grande parte da sua vida ligado ao Mundo Rural.
Os poemas de Teófilo Afonso são simples, mas carregados de testemunhos vivenciais. “Quando tinha uma ideia escrevia, independentemente do local onde me encontrasse. Cheguei a escrever nas costas da pá de jardinagem com que trabalhava, em França e até enquanto conduzia”, recorda o autor.
Transmontano de gema, este habitante de Quintanilha, no concelho de Bragança, escreve, essencialmente, para “defender e projectar a cultura e a criatividade popular” da região onde nasceu e cresceu até emigrar para França, onde residiu 30 anos.
Durante a temporada que passou no estrangeiro, Teófilo Afonso enalteceu sempre a sua terra natal. “Em França representei sempre o meu País tanto em programas de rádio a falar da minha obra, alusiva à minha terra, como em exposições de objectos artesanais”, acrescentou o poeta.
Memórias do Mundo Rural
Os poemas que compõem a obra são dedicados à lavoura e aos objectos usados para trabalhar a terra, às relações com a família durante o tempo de emigrante - nomeadamente as saudades de Quintanilha, dos amigos e da família - e à beleza das paisagens transmontanas.
“Quando era jovem costumava ajudar os meus pais na agricultura e esses trabalhos sempre me fascinaram. Há cinco anos, quando regressei de França, trabalhar as terras que cá deixei foi, para mim, uma prioridade”, conta Teófilo Afonso.
A realidade do Mundo Rural está bem visível nos versos deste poeta transmontano, que escreve com orgulho sobre os utensílios agrícolas que usava para ajudar os pais no trabalho da terra. “Antes de chegar a charrua/ E reformada pelo tractor/O arado era o melhor/Pois deixava a terra nua”, escreve o autor.
Além da faina do Mundo Rural, Teófilo Afonso não esqueceu os serões à lareira, os jogos tradicionais, as noites festivas do Natal e S. Martinho, e a religiosidade popular.
A caminhada para a terceira idade também não passa ao lado do escritor, que decidiu, por isso, escrever alguns versos alusivos a esta fase da vida, que encara com um certo receio da solidão.
Recorde-se que a primeira obra de Teófilo Afonso, intitulada “Saudades do meu País”, foi publicada em 1992. Treze anos depois, decidiu reunir todos os poemas escritos durante os 30 anos que esteve emigrado em França e lançar a obra “Testemunhos dum Ancião”.