Talhas: um Vice-campeão sem chama

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Ter, 30/01/2007 - 18:08


O título de vice-campeão do campeonato Distrital da passada época trouxe mais responsabilidades ao Grupo Desportivo de Talhas (GDT). Contudo, a equipa não tem defendido o estatuto da melhor maneira, já que ocupa o nono lugar, e os sócios e adeptos não encontram justificação para uma época tão diferente da anterior.

Por isso, o clube já tem mais dois reforços para trepar na classificação.
João Calado é director desportivo do Talhas há dois anos e, sem papas na língua, revela os problemas e os desafios do clube e toda uma rede conspirações.

Jornal NORDESTE (JN) – Qual a data de fundação do clube?
João Calado (JC) – O Grupo Desportivo de Talhas foi fundado em 27 de Maio de 1982.

JN – Quais foram os registos mais significativos ao longo destes anos?
JC – O segundo lugar, conquistado no ano passado, é o registo mais recente, mas já fomos campeões da 1ªDivisão da Associação de Futebol de Bragança, que teve como principal consequência a subida à Divisão de Honra e por cá temos continuado.

JN – Em termos de recursos humanos, como está apetrechado o clube?
JC – Neste momento o clube tem 18 atletas, o treinador e massagista. A direcção é constituída por três elementos, presidente, vice-presidente e tesoureiro e temos ainda a Assembleia, o Concelho Fiscal. No total, somos treze elementos.

JN - Fontes de financiamento?
JC – Nas fontes de financiamento é que reside problema e a grande dificuldade dos nossos clubes a nível distrital. Temos um subsídio da Câmara Municipal de Macedo de Cavaleiros que nos tem apoiado bastante. Os sócios também têm colaborado.

JN – Quantos sócios tem o GDT?
JC – Temos à volta de 400 ou 500 sócios. Se calhar temos mais sócios que alguns clubes que se julgam grandes.

JN – No que concerne à arbitragem, o Talhas tem ou não tido razão de queixa?
JC – Muitas, muitas queixas. Temos sido bastante prejudicados. Posso afirmar que estamos a pagar uma factura da época transacta. Em virtude de não termos ido à final da Taça, houve um protesto do jogo, porque nós éramos um potencial candidato à final, mas apareceu uma equipa mais influente e engenhosa, que ganhou o protesto que nós fizemos. Eles foram à final da Taça, mesmo depois de jogarem em Talhas com dois jogadores castigados, que tinham sido expulsos no jogo anterior.

“O Mãe D’ Água está a ser levado ao colo. Não tenho dúvida que são eles que vão subir”

JN – Qual era a equipa habilidosa?
JC – A equipa era o Mãe D’Água. O Mãe D’Água tem um presidente que é um bocado habilidoso, muito habilidoso. Ele julga que por morar na cidade ou ter isto ou aquilo que faz o que quer e o que lhe bem apetece. Mas devia haver alguém que lhe pusesse um bocadinho de travão e deixasse fazer o trabalho dos árbitros em condições. É tempo de parar com habilidades, porque nesse capítulo quem sai prejudicado é o Talhas e outras equipas. Por aquilo que eu me tenho apercebido e por aquilo que eu tenho conhecido, o Mãe D´Água, nesta época, tem sido sempre o beneficiado. Gosto de ser frontal e dizer as coisas como deve ser, por isso reafirmo que o Mãe D’ Água está ser levado ao colo. Não tenho a menor dúvida que são eles que vão subir.

JN – Mas o Morais tem dado luta…
JC – Até aqui, o Morais tem estado a fazer frente e tem estado a rivalizar com eles domingo a domingo, mas quem vai subir vai ser o Mãe D’Água. Vai ser porque a equipa que joga com eles tem que ser prejudicada no domingo anterior, pois vai jogar com eles a seguir. Já aconteceu connosco em Carção, depois o Carção foi jogar a Vimioso e expulsaram-lhe três jogadores, também.
Quando fomos jogar com ao Mãe D´ Água, os seus dirigentes mandaram identificar os jogadores todos do Talhas, porque não deixavam entrar ninguém sem ser identificado na porta. Isto na 1.ª jornada do campeonato.

JN – Ambições do Talhas para o que resta da temporada?
JC – Vamos tentar chegar o mais longe possível na classificação. Na Taça já fomos eliminados, agora resta-nos fazer o melhor campeonato possível.

JN – A equipa reforçou-se no mercado de Inverno?
JC – Fizemos mais duas inscrições. Uma delas é o Marco e outra é o Hérmino. No entanto, ficaremos por aqui, pois não há hipóteses de inscrever novos atletas.

O Talhas dá sempre primazia aos jovens da terra, mas temos que ir saber de jogadores por todo o Nordeste

JN – O Talhas dá primazia aos jogadores da terra?
JC – O Talhas dá sempre primazia aos jogadores da terra. É um ponto que fez bem focar, pois fui o presidente que iniciou este clube. Andei pela segunda divisão dois anos e o Talhas, nessa altura, tinha nas suas fileiras 10/11 jogadores aqui da terra. Considero que foi óptimo. Entretanto, essa mística dos jogadores da terra foi-se perdendo, saíram, pois os empregos aqui na terra são reduzidos.

JN – Agarram-se, portanto, a jogadores de outros lados…
JC – Exactamente. Temos que ir saber de jogadores por todo o Nordeste. Neste momento temos jogadores de Mirandela, Macedo, Bragança, Vinhais e da Torre.

JN – Qual foi o melhor adversário que encontrou até agora?
JC – Sem dúvida o Rebordelo.

JN – Nos projectos para o futuro, vão tentar melhorar as infra-estruturas do clube?
JC – Quando acabar o campeonato pretendemos fazer obras avultadas. Estamos a pensar seriamente em melhorar este piso, porque quando chove é um bocado difícil praticar cá futebol. Ainda não está nada decidido, mas até ao final da época pode sair um sintético.