Somos Portugal

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Ter, 04/04/2006 - 16:03


A campanha que a Câmara Municipal de Bragança (CMB) acaba de colocar na rua, sob o mote “Sim, Somos Portugal”, vai de encontro aos interesses da região, mas peca por tardia, porque a sangria de serviços há muito que começou.

O mesmo se pode dizer das iniciativas que têm vindo a ser promovidas pela Câmara Municipal de Mirandela, embora esta cidade nem sequer tenha grandes razões de queixa em termos de serviços públicos.
Era Durão Barroso primeiro-ministro de Portugal e Mirandela via nascer o pólo da Escola de Hotelaria e Turismo e o Tribunal Administrativo e Fiscal. Enquanto isso, Bragança assistia, impávida e serena, à extinção da Delegação dos Assuntos Consulares e das Comunidades Portuguesas. Depois foi a vez da Inspecção das Actividades Económicas (que deu a vez à Autoridade para a Segurança Alimentar e Económica, recentemente instalada em Mirandela) abandonar a capital de distrito, abraçada à Direcção Comercial de Trás-os-Montes e Alto Douro do CTT, aos noticiários locais da RTP-Bragança e à retirada de competências do Centro de Área Educativa.
Era Luís Filipe Pereira ministro da Saúde, coadjuvado pelo bragançano Adão Silva no cargo de secretário de Estado, e já se falava no encerramento duma maternidade no distrito de Bragança. Mas nem por isso as faixas foram colocadas nas ruas… Eram estes mesmos os responsáveis pela Saúde do País quando a ampliação dos Hospital Distrital de Bragança foi contemplada com 1.000 euros (isso mesmo) em PIDDAC, sem que a Câmara Municipal de Bragança promovesse qualquer campanha para repudiar os sucessivos adiamentos da empreitada.
E que dizer da Universidade de Bragança e da auto-estrada, prometida em campanha por Durão Barroso, mas sem qualquer efeito prático em três anos de Legislatura (2002-2005)?
No caso da auto-estrada, é justo que a CMB aproveite a campanha “Sim, Somos Portugal” para relembrar esta promessa ao executivo de José Sócrates. O mesmo não se pode dizer da criação da Universidade. Incluir esta reivindicação nas faixas já espalhadas pela cidade é pura perda de tempo, já que a elevação do Instituto Politécnico de Bragança ao estatuto universitário nem sequer consta do programa do Governo.
De resto, é preferível levantar a voz do que ficar calado, pois a região dispensa bem o inconformismo.