Qua, 03/01/2007 - 11:14
A Festa em honra do padroeiro inicia-se com uma celebração religiosa, seguindo-se a bênção do pão pelo pároco local. Só depois deste acto de fé é que as pessoas se sentam à mesa para comerem as tradicionais postas de bacalhau regadas com o azeite da terra e acompanhadas por vinho de excelência.
Segundo o juiz da Festa, José Portela, esta é uma tradição com cerca de dois séculos à qual as pessoas fazem questão de dar continuidade, não só pelo convívio, mas também pela fé que têm em Santo Estêvão.
“O nosso padroeiro é o advogado das trovoadas. Quando há sinais de trovão há uma pessoa da aldeia que vem à igreja pôr o santo no adro e a trovoada desaparece”, conta José Portela.
Tradição secular reúne a população de Samil que se senta à mesa para degustar o tradicional bacalhau cozido com batatas
Esta festa de Inverno nasceu exactamente por causa de uma trovoada que dizimou as colheitas aos agricultores da aldeia. Esta situação levou o pároco de então a benzer o Santo Estevâo, que, a partir daí, passou a ser o protector da população em dias de trovoada.
“Tudo começou com meia dúzia de agricultores mais abastados que davam o vinho, o azeite e as batatas para realizar a festa. O bacalhau e o pão eram comprados e pagos pelas pessoas que se reuniam no almoço”, explica Telmo Gonçalves, um dos mordomos da festa.
Até há cerca de 20 anos atrás, a homenagem a Santo Estêvão era feita, apenas, por homens, mas, a partir daí, as mulheres começaram-se a sentar à mesa e, actualmente, a almoçarada em honra do padroeiro conta com a participação de toda a família.
O número de pessoas que participa no almoço em honra do santo vai aumentando ano após ano. Por isso, no sábado, foram precisos cerca de 300 quilos de bacalhau, divididos em postas com cerca de 800 gramas, para fazerem as delícias dos presentes.
A fé e o convívio são os principais motivos que levam a população de Samil a dar continuidade a esta tradição secular, que é abraçada tanto pela população local, como das aldeias vizinhas.