ROMARIZ recorda namoro à moda antiga

PUB.

Ter, 03/01/2006 - 15:20


Fiar, tecer, remendar e fazer malha foram algumas das actividades rurais revividas, na passada sexta-feira, pelos habitantes da aldeia de Romariz, no concelho de Vinhais.

Para que as tradições do Mundo Rural não caiam no esquecimento, a Associação Cultural e Desportiva de Santo Antão de Romariz (ASSAR) tem vindo a organizar o serão rural tradicional, para relembrar os trabalhos, os cantares e os pratos de antigamente.
Este ano, o serão foi dedicado ao namoro à moda antiga, que foi comemorado através de versos e revivido nas conversas entre os mais antigos. Os jovens também não faltaram à festa, para conhecerem como era a vida no tempo dos seus avós.
Por volta das 19 horas apagou-se a luz e acendeu-se a candeia, pois era hora de rezar a primeira oração da noite, para que Deus proteja os homens nas suas actividades rurais.
Após o culto divino, a música tradicional, acompanhada pelas castanhas assadas, o fumeiro assado na brasa, o pão centeio, o caldo de couves, as nozes e os figos secos e, como não podia faltar, a jeropiga caseira, animaram as cerca de 30 pessoas que se reuniram na sede da ASSAR.

Petiscos à lareira

No intervalo dos comes e bebes, homens e mulheres cantaram e recitaram versos alusivos ao namoro à moda antiga, onde a troca de olhares nas noites frias de Inverno era o segredo para conquistar uma moça.
Numa época em que os telemóveis e a Internet marcam o ritmo das paixões, a ASSAR e a população de Romariz lembram a magia do namoro às escondidas.
“Antes o namoro era mais bonito porque era mais oculto. Agora é tudo à descarada e, nos dias que correm, entre um rapaz e uma rapariga já nem se sabe quando são amigos ou namorados”, afirma Isabel Ribeiro.
Antigamente, as raparigas só podiam namorar às escondidas dos pais, que passavam grande parte do tempo a alertar as moças para o “perigo” de se aproximarem de um homem.
Na óptica dos mais antigos, os encontros entre rapazes e raparigas quando iam à fonte buscar água e a troca de olhares davam uma magia ao namoro que, actualmente, se tem vindo a perder.

Namorar às escondidas

A conquista também era marcada por serenatas feitas por um grupo de rapazes às moças mais belas, com versos que, na maioria das vezes, eram criados na hora. “Ó Bela vem à janela/ Há muito que te não vi/ Eu quero saber resposta/ Às cartas que te escrevi”, este é o exemplo de uma quadra das serenatas de antigamente.
Segundo o presidente da ASSAR, Abel Pereira, o serão rural é a festa de solstício de Inverno da aldeia de Romariz e está sempre associado a um tema. Este ano, foi dedicado o namoro, uma vez que o serão chegou a juntar muitos rapazes e raparigas.
“O namoro era uma das coisas que acontecia durante o serão, porque era o local onde as pessoas se juntavam, havia troca de olhares e, a partir daí, começava o namoro, depois vinha o casamento, mas também havia separações”, recorda o dirigente associativo. Para além da música das concertinas de alguns populares da aldeia, o serão rural contou, ainda, com a presença do grupo brigantino Cantares d`Antanho, para animar a festa.