Reencontro de velhos amigos

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Qua, 01/03/2006 - 10:22


A caça é motivo de reencontro de dezenas amigos, que se deslocam de diferentes pontos do País.

No passado fim-de-semana, a cidade de Bragança acolheu o X Reencontro Venatório Nordeste Transmontano, que contou com a realização de duas montarias, uma em Penhas Juntas (concelho de Vinhais) e outra no Parâmio (concelho de Bragança).
Cerca de 70 caçadores, oriundos de Norte a Sul do País e da vizinha Espanha, reuniram-se em Bragança para participarem em mais um reencontro entre velhos amigos, que usam a caça como pretexto para passarem um dia diferente.
Nas batidas realizadas no distrito de Bragança, os caçadores conseguiram matar, apenas, quatro animais, dado que as condições climatéricas não eram as mais adequadas.
A neve, para além de estar na origem da fraca caçada, também impediu a participação de alguns caçadores que não conseguiram chegar ao monte.
Segundo o assessor técnico da Federação de Caçadores Transmontanos e Durienses, Álvaro Barreira, a cidade de Bragança teve o privilégio de receber a maior montaria que se realizou em todo País, em 1967, depois de um interregno neste tipo de caça desportiva.
Por isso, a realização deste reencontro na capital do Nordeste Transmontano é uma forma de trazer pessoas ao Nordeste Transmontano, que ficam aliciadas com a gastronomia e a hospitalidade das pessoas da região.

Serão julga caçadores

Este convívio entre caçadores conta com pessoas que, há mais de 20 anos, visitam todos os anos o Nordeste Transmontano.
Rafael Seixas, um caçador de Lisboa, é um dos exemplos de quem contempla todos os anos o reencontro venatório de Bragança na sua agenda.
“Esta iniciativa representa o final da caça e acaba por se transformar numa festa, onde a montaria não é propriamente uma caçada mas sim um convívio entre amigos”, realçou Rafael Seixas.
Depois da montaria em Penhas Juntas, os cerca de 70 caçadores reuniram-se num serão trasmontano, onde os rituais da caça fizeram parte dos temas de conversa.
O julgamento dos caçadores que atiraram e não mataram e o baptismo fazem parte das tradições dos caçadores.
“No final da montaria os caçadores reuniam-se no serão tradicional, onde era constituído um júri que julgava e penalizava os caçadores que tinham falhado. As coimas eram pagas em bebidas ou em petiscos”, recorda Álvaro Barreira.
O baptismo, que era feito com sangue e vísceras de porco, era, igualmente, uma tradição que atormentava muitos caçadores.
Manuel Ferreira, um caçador de Lisboa, lembra que havia caçadores que preferiam dizer que não mataram animal nenhum, para não passarem por este ritual.