Ramalho fez a vingança

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Ter, 08/11/2005 - 16:35


Com uma entrada muito boa na partida, os locais conseguiram o controlo do jogo, retirando espaço ao seu adversário, que sendo uma equipa de elevados níveis técnicos, carece de liberdade para criar o seu futebol vistoso, rápido e objectivo.

O que vem provar que já se trabalha bem na 3ª divisão, estudando os adversários, os chamados trabalhos de casa das equipas técnicas.
Sem o espaço para fazer o seu futebol, o Mirandela não conseguia soltar-se na criatividade habitual do seu meio campo, nem construir as situações de golo eminente pelo seu sector avançado, sendo o sector recuado aquele que conseguia ser igual a si próprio.
Menezes e Francês iam conseguindo suster as veleidades atacantes, com o keeper forasteiro a ter uma maior fatia na ausência de golos. Contudo, e quando já toda a gente pensava que o intervalo ia chegar sem golos, Rui Pinto tem uma inspiração sobre o local onde a bola ia parar e, sem preparação, consegue um golo de bom recorte, dando um intervalo tranquilo à equipa da casa e público afecto.

Refazer confiança
Carlos Correia aproveitou bem o descanso para refazer os níveis de confiança dos alvi-negros e operar as correcções para alterar as tendências do jogo, regressando o Mirandela com a postura autoritária habitual. E sem que tivesse havido amolecimento na atitude da equipa da casa, os forasteiros foram tomando o controlo do jogo, e assumindo o ataque massivo na procura do prejuízo.
Adivinhava-se o golo forasteiro, que só a voluntariedade local ia adiando cada vez com maior dificuldade, e Carlos Correia resolve arriscar tudo para ganhar o jogo, fazendo entrar o avançado Cerejo, que obrigou o Mondinense a ter de recorrer à falta para fechar os corredores para a sua baliza. E num desses lances cirúrgicos de recurso, Ferraz faz falta passiva de amarelo e, não contente, justifica com palavras. Resultado: 2º amarelo e, consequentemente, o seu afastamento do jogo. E o que já estava difícil torna-se impossível, pois se os níveis de frescura local iam descendo para aguentar o ritmo de jogo e as compensações que era preciso ter, com menos um homem passavam a ter mais espaço para se desgastarem.

Eduardo faz empate

Eduardo, à ponta de lança, empata e, quase de imediato tem o golo da viragem nas chuteiras num chapéu que a barra evitou levantasse o estádio. Francês ainda negou por uma mão cheia de excelentes intervenções a fuga do ponto do empate e aparece, então, o desequilíbrio de Ramalho em apoio ofensivo a rubricar o somatório dos 3 pontos para os forasteiros, mesmo em cima do apito final.
Vitória justa, embora suada e conquistada no período de descontos, e por isso mais saborosa para os mirandelenses, que ficaram com o brinde do bolo, deixando a fava para os mondinenses, que morreram na praia, e por isso mais difícil de aceitar, ao ver fugir-lhes um ponto que já não pensavam perder.
Quanto ao trabalho da equipa de juízes, foi muito bem conseguido. Irrepreensíveis disciplinarmente, mas tecnicamente estiveram menos bem.

Jogo no Estádio Municipal de Mondim de Basto. Tarde de sol com temperatura agradável, pelado muito bem tratado, apesar de apresentar algumas lombas, e assistência apreciável.

Trio de Arbitragem da A,F.Braga: Silva Ribeiro, Ricardo Coimbra, Paulo Ribeiro – classificação de 0 a 10 – 7,5

Mondinense 4x1x3x2
Francês-6, Tójó-4 Abilio-5, Corunha-5 (sub-cap), Ferraz-2, Catana-5 (Mané-4 70’), Pedro-5 (Silva-5 68’), Renato-5 (cap), Jeferson-6, Cristiano-4, Pinto-5 (Henriques-5 77’)
Não utilizado: Rómulo, Sérgio, Hugo, Paulo
Disciplina: C.A. a João Pedro 39’, Ferraz 59’ (duplo amarelo), Corunha 75’, Silva 78’
Melhor em campo; Francês / Jeferson
Técnico: João Valente

Mirandela 4x3x3
Menezes-5, Fábio Pinto-5 (sub-cap), Pinto-5 (Tony-4 71’), Ramalho-6, Didácio-5, Sanny-4, Veiga-5, Rui Lopes-5 (cap), Eduardo-6, Luizinho-5, Hugo Costa-5 (Cerejo-5 58’’)
Não utilizados: Paulo Cunha, Luís, Bernardino, Jorge, Ivo
Disciplina: C.A. a Hugo Costa 11’, Ramalho 93’
Melhor em campo: Eduardo / Ramalho
Técnico: Carlos Correia

Marcha do marcador: 1-0 ao intervalo – 1-0 Rui Pinto 43’, 1-1 Eduardo 79’, 1-2 Ramalho 93’

O que eles disseram

João Valente
Técnico do Mondinense

“Na 1ª parte dominamos e o Mirandela, praticamente, não chegou à nossa baliza. Fizemos o golo e tivemos, de bola parada, duas situações para fazer, pelo menos, mais um golo. Na 2ª parte, depois da expulsão do meu jogador com uma atitude que não devia ter tido, ficamos limitados e tivemos que jogar de uma forma que não costumamos. Mesmo assim acho que dignificamos ao máximo a camisola que vestimos”.

Carlos Correia
Técnico do Mirandela

“O Mirandela, quer jogue em casa ou fora, joga sempre para ganhar e mostrou aqui hoje que tem bons profissionais que se batem do primeiro ao último minuto. Nós estivemos a perder por 1-0 e eu disse aos meus jogadores, no intervalo, que íamos ganhar aqui o jogo. Tínhamos é que ter uma atitude diferente, impor mais ritmo, mais velocidade e jogar a bola no chão. Levamos 3 pontos muito bons, merecidos e sem qualquer contestação. Esta vitória só terá sabor especial se domingo ganharmos ao Maria da Fonte que tem uma boa equipa e apostou para subir. Mas nós também temos o nosso valor”.