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Raça Badana em vias de extinção

Ter, 05/09/2006 - 15:12


Com um efectivo de 2951 animais, a raça Churra Badana encontra-se em vias de extinção, visto que o número de fêmeas existente no Nordeste Transmontano não garante a continuidade da espécie.

A associação de criadores desta raça autóctone tem apostado na preservação e estabilização do efectivo, que, desde 2002, teve um aumento na ordem das 300 cabeças de gado (ver gráfico).
Apesar do número de animais oscilar de ano para ano, o efectivo da raça Churra Badana têm-se mantido estável desde 1992. No entanto, é o envelhecimento dos criadores que põe em risco a sobrevivência da raça, visto que o número de jovens criadores de ovinos é muito reduzido.
“Os agricultores vão envelhecendo e, como actualmente é muito difícil arranjar pastores, acabam por vender os rebanhos”, salientou o secretário-técnico da Associação de Criadores de Ovinos de Raça Churra Badana (ACRCB), Sacramento Lopes.
Contudo, a diminuição de ovinos desta raça remonta a meados do século XIX, altura em que os agricultores começaram a apostar na criação de animais cruzados de Churra Montegueiro com a Churra Badana.
“Tudo começou com uma experiência na Quinta da Terrincha. A partir daí, os criadores começaram a substituir a Badana pela Churra Terra Quente, o nome técnico que foi dado ao cruzamento”, realçou Sacramento Lopes.

Badana implantada em Macedo

Os 200 mil exemplares que existiam em toda a região da Terra Quente foram diminuindo ano após ano, até que, em 1991, foi instituída a obrigatoriedade do registo dos animais no livro genealógico. Foi assim que se concluiu que a raça está em vias de extinção.
Nessa altura, o Ministério da Agricultura criou medidas de incentivo para evitar que os criadores abandonassem esta raça e para incitar outros a apostarem nestes animais. Através das medidas Agro-Ambientais, os lavradores estabelecem um contrato com os serviços agrícolas para receberem os prémios monetários destinados às raças autóctones (cerca de 20 euros por animal), que acumulam com outros subsídios agrícolas a que se podem candidatar.
Actualmente, a ACRCB conta com 25 sócios que se dedicam a esta actividade nos concelhos de Macedo de Cavaleiros, Mirandela, Vimioso e Mogadouro.
“O concelho de Macedo, designadamente a freguesia de Talhas, é onde se regista o maior número de animais. Em Vimioso e Mogadouro existe, apenas, um rebanho em cada concelho”, acrescentou o secretário-técnico da associação.

Produtos esgotam no mercado

Característica da região transmontana, a Badana é uma raça que se pauta pela diferença.
“As fêmeas não têm cornos, os animais têm uma cor acastanhada, pelo que lhe chamam ‘cara amarela’, têm lã churra e são pequenos e rústicos”, sublinhou o responsável.
Quanto ao futuro desta raça, Sacramento Lopes afirma que a diminuição do número de criadores é inevitável. Contudo, realça as potencialidades da Badana, designadamente a qualidade da carne e a resistência dos animais, para manifestar a sua esperança na continuidade da raça.
Já os produtos retirados destes animais, nomeadamente a carne e o leite, não possuem Denominação de Origem Protegida, visto que a quantidade produzida não é suficiente para responder à procura do mercado.
O presidente da ACRCB acredita que a utilização de novas tecnologias para tratar dos animais é uma solução para atrair jovens agricultores, uma vez que o pastoreiro “prende” muito os criadores. Contudo, reconhece que, em áreas pequenas, como é o caso das explorações do Nordeste Transmontano, não compensa fazer grandes investimentos ao nível das pastagens.