Ter, 18/10/2005 - 15:23
Os agricultores dos concelhos de Bragança, Vinhais e Vimioso viram a sua produção diminuir, devido à seca que assolou a região, pelo que transportaram menos uvas para os habituais locais de transformação.
Segundo o encarregado de escritório da ACB, Alcino Pereira, este ano só foram produzidos 250 mil litros de vinho, menos 20 por cento do que no ano passado.
No entanto, a quebra na quantidade foi superada pela melhoria da qualidade do vinho do Nordeste Transmontano, que, nesta colheita, se apresenta mais límpido e mais graduado.
De acordo com Alcino Pereira, este ano previa-se um bom ano de vinho, que acabou por se verificar, apenas, na qualidade, uma vez que as uvas eram “miúdas” e deram pouco sumo. “Chegaram aqui uvas que deram 13,8 graus, enquanto que em anos anteriores a média rondava os 11 graus”, acrescentou o responsável.
Agricultores arrancam vinhas
Para além da seca, os agricultores também têm vindo a abrandar no cultivo de vinhas, ano após ano, porque entendem que os lucros acabam por não justificar o trabalho e os gastos com a produção.
Na óptica do encarregado da ACB, o aumento da produção só vai acontecer se o Ministério da Agricultura incentivar o cultivo de vinhas.
“A adega chegou a receber 3 milhões de quilos de uvas, nos anos 80, desde então os agricultores começaram a arrancar as vinhas e a produção tem decrescido drasticamente”, salientou Alcino Pereira.
Durante a campanha das vindimas, que decorrem entre os finais do mês de Setembro e inícios de Outubro, a Adega bragançana labora diariamente para receber as uvas dos 350 associados. Após o período da recepção e de transformação os responsáveis pela cooperativa começam a fazer estudos de mercado para escoar a produção.
Mercado competitivo
Segundo Alcino Pereira, o vinho de mesa da Adega de Bragança é vendido a granel para diversos pontos do País. As regiões do Porto e Lisboa são o destino de alguns litros deste néctar transmontano, mas a maior quantidade é vendida para a zona de Viseu.
Até à data, o responsável garante que não tem havido dificuldade na comercialização, dado que conseguem escoar o vinho até à nova colheita. Contudo, teme que a forte concorrência no mercado venha a inverter esta realidade.
“Actualmente existem no mercado vinhos que não são feitos de uvas, com comercialização autorizada, e são vendidos a preços baixos, o que dificulta a venda do nosso produto, que tem uma qualidade superior”, realçou o encarregado da ACB.
A diminuição da produção de vinho, porém, leva o responsável a prever o aumento do preço do vinho durante este ano. Se esta previsão se concretizar, os lucros dos s associados vão aumentar, pois o preço das uvas é calculado de acordo com o valor a que é transaccionado o vinho.