Quatro aldeias de Macedo de Cavaleiros estiveram praticamente às escuras

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Qua, 24/08/2022 - 15:09


As aldeias de Comunhas, Lagoa, Sobreda e Morais, no concelho de Macedo de Cavaleiros, estiveram praticamente às escuras

Segundo avançaram os presidentes de junta destas freguesias, em causa esteve o facto de a empresa responsável pela iluminação pública, a E-Redes, não resolver alguns problemas que ali se arrastaram algum tempo, em alguns casos mais de meio ano.

Comunhas sem luz depois de trovoada

Na aldeia de Comunhas, onde vivem cerca de 60 pessoas, foi por mais de dois meses em que os problemas de escuridão se colocaram. Em grande parte das ruas não havia iluminação pública e os habitantes estavam inseguros e descontentes com a situação.

Foi o caso de Manuel Joaquim Gonçalves. O habitante de Comunhas, que disse que “não há maneira de se arranjar isto”, confessa que “é complicado viver assim”. Avançando que “não é fácil sair à rua, de noite”, diz que a situação faz lembrar os tempos mais antigos, quando não havia sequer luz. “Há quase três meses que assim estamos e parece que não há solução”, considerou ainda.

Já Edite Monteiro está ainda mais incomodada com a situação porque alguns electrodomésticos ficaram estragados quando, há mais de dois meses, a trovoada deixou a aldeia às escuras, queimando a grande parte da luminária de rua. “Tive alguns prejuízos em casa. A televisão e o telefone queimaram-se e ainda não resolveram a situação. Confesso que, como ninguém se mexeu, também não me mexi, no que a isso diz respeito”, revelou a habitante de Comunhas, que diz que a empresa “já teve mais do que tempo para, pelo menos, resolver a questão da escuridão na rua. Quem não vive na aldeia mas por ali está de férias também mostra descontentamento.

É o caso de Fátima Pinto. A emigrante, que chegou recentemente a Comunhas, revelou que na rua onde vive não há luz e por isso se sente pouco segura. “Está tudo às escuras. Não é fácil andar na rua à noite porque não se vê nada. Mesmo de carro é assustador”, vincou, dizendo não compreender como é que a empresa ainda não resolveu o problema e que, por altura do Natal, quando estiver de regresso à aldeia, espera que já haja iluminação.

Alcina Diogo também é emigrante e, conforme chegou à aldeia, também se viu sem luz na rua onde vive. “Na minha rua só há uma lâmpada que dá. Quando saio, de noite, não me sinto muito confortável. Já estou na aldeia desde o dia 22 de Julho e isto já estava assim. Para nós é complicado e não imagino como será para quem cá vive todo o ano”, disse a emigrante, que revelou que a festa da aldeia, que recentemente se realizou, “nem teve a mesma graça”.

Maria Feliz também veio visitar a terra que a viu nascer. Ao pé da casa em que vive não há luz e admite que “sem iluminação, à noite, isto é um grande problema, porque não se vê por onde anda”.

 

E-Redes também teve falhas na aldeia de Lagoa

Em Lagoa, do outro lado do concelho de Macedo de Cavaleiros, também há problemas deste género.

Segundo contou o presidente da junta de freguesia, Nuno Trindade, em Novembro do ano passado, a empresa foi advertida para o facto de naquela aldeia haver, pelo menos, 18 lâmpadas que não funcionavam. Ainda assim, volvido já este tempo, quase um ano, Nuno Trindade refere que só cinco lâmpadas foram substituídas. E essa substituição terá levado meio ano a acontecer. Conforme contou ainda, a junta terá tentado contactar, por e-mail, a empresa, a E- -Redes, no começo de Agosto, e, depois de 10 dias, foi- -lhes dito que as lâmpadas estavam todas reparadas, “mas a verdade é que não houve qualquer intervenção, pois tudo continua na mesma”.

Nuno Trindade admitiu ainda que a situação já provocou a queda de uma idosa pois, tal como em Comunhas, pouco se vê na rua à noite. “Já reportei isso à E- -Redes também”, frisou.

 

Sobreda e Morais sem metade das lâmpadas na rua

As aldeias de Morais e de Sobreda, ao lado de Lagoa, também estão praticamente com os mesmos problemas.

Na aldeia de Sobreda, segundo o presidente da junta destas duas aldeias, quase metade das lâmpadas de rua não funcionam. Ramiro Valadar avança que em Morais também há várias que precisavam de ser substituídas. O problema está identificado mas, à semelhança do que acontece em Comunhas e Lagoa, falta resolve-lo. “Todos os dias insistimos com e-mails mas torna-se complicado porque a própria população, por vezes, pensa que não estamos a fazer o nosso trabalho, e, embora tenhamos aquilo que enviamos para confirmar, a população quer é o problema resolvido”, esclareceu Ramiro Valadar, que disse ainda já ter recebido algumas chamadas de emigrantes que estão preocupados com os pais, sendo que muitos deles vivem sozinhos, nestas ruas onde há falhas de luz.

Admitindo que tudo isto “tem sido muito mau”, o presidente da junta confessou que quando havia este tipo de problemas, noutros tempos, a empresa demorava algum tempo a solucionar a questão mas agora, alegadamente, está a tardar cada vez mais. “Ultimamente tem sido muito pior e com outra agravante: às vezes vêm ao local e reparam uma luminária e vão embora”, terminou.

 

E-Redes esclarece

Contactada, a E-Redes disse que, em “estreita colaboração” com a autarquia, regularizou, no passado sábado, todas as falhas de iluminação pública registadas em Comunhas, Lagoa, Morais e Sobreda, no concelho de Macedo de Cavaleiros. “O conhecimento prévio das situações de anomalia na iluminação pública é fundamental para agilizar a resposta da empresa na reposição do serviço. Para além das equipas operacionais, a E-Redes conta também com a participação activa dos cidadãos, bem como das juntas de freguesia, com o reporte feito através do Balcão Virtual ou do site da E- -Redes”, terminou.

As queixas dos habitantes e presidente de junta surgiram ao longo da semana passada, o que terá apressado a resolução.

Jornalista: 
Carina Alves