Qua, 21/02/2007 - 10:13
Segundo dados avançados pela empresa Resíduos do Nordeste, só no ano passado os 12 municípios do distrito de Bragança gastaram cerca de 5 milhões de euros para recolherem e tratarem o lixo da população.
Olhando para os gastos de cada concelho, a autarquia da capital de distrito foi a que mais investiu nesta área, desembolsando, só no ano passado, mais de 1, 5 milhões de euros (ver gráfico 1).
No extremo oposto, encontra-se o município de Freixo de Espada à Cinta que gastou, apenas, cerca de 142 mil euros na recolha e tratamento dos resíduos sólidos de todo o concelho. Recorde-se que Freixo também é o concelho mais pequeno do Nordeste Transmontano, contando, apenas, com 4 184 habitantes.
Já os cinco municípios da Terra Quente gastaram um total de 1,89 milhões de euros com a recolha, tratamento e recolha selectiva de resíduos sólidos.
Para fazer uma análise mais rigorosa dos gastos de cada concelho, o Jornal NORDESTE solicitou esta informação às 12 autarquias do distrito. Mas, passado um mês, apenas, as Câmaras de Alfândega da Fé, Bragança e Freixo de Espada à Cinta disponibilizaram os dados solicitados. Por isso, o NORDESTE recorreu, ainda, aos registos das Associações de Municípios e da empresa Resíduos do Nordeste, para efectuar o trabalho com o maior número de dados possível.
No ano passado, a população do distrito de Bragança produziu 145 toneladas de lixo por dia, uma quantidade que aumenta anualmente
No que toca à quantidade de resíduos sólidos, Bragança volta a liderar com 15.263 toneladas recolhidas durante o ano passado. Na Terra Quente, Mirandela produziu cerca de 8 toneladas, enquanto Alfândega da Fé não chegou às 2 mil toneladas. No Douro Superior, o concelho de Mogadouro produziu mais de 3 mil toneladas de lixo, enquanto Freixo de Espada à Cinta não chegou às 1 500 toneladas (ver gráfico 2).
Em termos globais, os 157 mil habitantes do Nordeste Transmontano produziram cerca de 55 mil toneladas de lixo por ano, o que se traduz em cerca de 145 toneladas por dia.
Os números têm aumentado ano após ano, contrariando a tendência da diminuição da população que se tem verificado em todo o distrito.
O aumento da quantidade de lixo produzido, do número de freguesias cobertas pelo sistema de recolha e a modernização de todo o sistema de recolha e tratamento traduz-se num aumento das despesas dos municípios.
Segundo informações avançadas pela Associação de Municípios da Terra Quente, em meados da década de 80, altura em que teve início o sistema de gestão dos resíduos, o lixo era recolhido por equipas e viaturas da associação e depositados em quatro lixeiras. Os resíduos não eram sujeitos a qualquer tipo de tratamento, o que causava elevados impactos ambientais.
Noutros municípios, o lixo era recolhido pelas próprias Câmaras, que faziam a recolha sem qualquer tipo de selecção ou tratamento e, apenas, nos meios urbanos.
A partir de 1997, as lixeiras foram seladas e as autarquias delegaram os serviços a operadores privados. No caso dos municípios da Terra Fria este serviço está a cargo da CESPA, enquanto na Terra Quente e Douro Superior é a FOCSA que está responsável pela recolha do lixo.
Hoje, os resíduos são depositados em ecocentros e estações de transferências, sendo depois encaminhados para o aterro sanitário do Cachão (Mirandela).
Aumento da quantidade do lixo e dos gastos com a recolha e tratamento deverá sair do bolso aos cidadãos
Além disso, também foram construídas unidades de depósito dos resíduos controladas, que obedecem a todos os requisitos exigidos pela legislação nacional e comunitária.
A taxa de cobertura das freguesias dos municípios do Nordeste Transmontano também foi aumentado, ano após ano. Segundo o administrador da empresa Resíduos do Nordeste, Paulo Praça, em 2005 os indicadores já apontavam para níveis de cem por cento ao nível da cobertura da recolha, tratamento e destino final adequado dos resíduos.
O responsável afirma, ainda, que a tendência do distrito de Bragança acompanha a média do crescimento da produção de resíduos da Europa.
De acordo com os dados da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Económico (OCDE), a produção de resíduos continuará a superar o crescimento económico e deverá continuar a crescer substancialmente até 2020.
Paulo Praça salienta, igualmente, que no Nordeste Transmontano se produz uma grande quantidade de lixo, que se traduz em encargos financeiros muito elevados para as autarquias, que têm que se submeter às regras impostas pela legislação.
“Os cerca de 5 milhões de euros pagos pelas autarquias saem do bolso de todos nós. Os números apontam no sentido do agravamento das taxas para os cidadãos, mas essa decisão depende das Câmaras Municipais”, concluiu o responsável.