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Quando o limite é o céu

Ter, 21/11/2006 - 10:49


Saiu de Portugal com o objectivo de escalar os oito mil metros até ao cume do Cho Oyu (Himalaias) e transformou-se na primeira portuguesa a conseguir este feito.

Com raízes transmontanas (o pai e toda a sua família são de Bragança, ao passo que a mãe também é transmontana) a jovem é formada em Geologia e trabalha no âmbito da geotecnia. A escalada e o alpinismo são praticados durante os seus tempos livres e nos períodos de férias, que desta vez se juntaram num mês de aventura.
É relativamente novata nestas andanças, uma vez que experimentou o montanhismo, pela primeira vez, há cerca de cinco anos, mas já conseguiu atingir um patamar respeitável entre os restantes alpinistas.
Partiu de Lisboa, no dia 8 de Setembro, com o pensamento no cume Cho Oyu e nos seus 8200 metros. Até conseguir atingir o topo, Daniel Teixeira enfrentou problemas de logística e falta de condições nos campos base, bem como as temperaturas, neves e ventos extremamente agressivos, aliados ao desgaste natural, devido à altitude.
Por isso, teve que lidar com equipamentos (tenda de dormir, casa de banho e comedor) desadequados para as situações que vivia na altura. “O campo base era indicado para estar aos 3000 metros, mas para os 5700, era bastante mau”, recordou a responsável.

O facto de ser mulher trouxe-lhe vantagens ao nível da aclimatização em cenário

Esta aventura, que terminou recentemente, foi delineada por Daniela Teixeira ao longo de um ano, sem ter que requisitar qualquer patrocínio. “Foi um sonho que construí sozinha e, como percebi que tinha possibilidades de custear a minha própria expedição, resolvi ir com a sensação de estar de férias que, assim, é mais autêntica”, informou a geóloga.
Recorde-se que o Cho Oyu, Deusa da Turquesa, em tibetano, é a sexta montanha mais alta do mundo, com cerca de 8 200 metros. Localiza-se na cordilheira dos Himalaias, na fronteira entre o Tibete (China) e o Nepal.
Para a jovem, a interacção com a natureza e a beleza dos locais por onde passa têm uma enorme influência na sua decisão de continuar com o alpinismo. No entanto, sublinha que a possibilidade de conhecer novas pessoas e a si própria é algo que lhe agrada nesta aventuras. “A montanha com as suas adversidades e dificuldades trazem ao de cima o que realmente somos. E, cada vez que faço uma expedição, aprendo sempre algo mais sobre mim própria”, assegura a responsável.
Foi durante estes anos a escalar altitudes inimagináveis que Daniela Teixeira se apercebeu das vantagens de ser mulher no topo de uma montanha. “Se, por um lado, os homens são mais fortes fisicamente, nós, mulheres, aclimatizamo-nos mais facilmente”, assegura a alpinista.

Jovem praticou alpinismo e escalada em algumas das montanhas mais altas do Mundo

Daniela Teixeira ingressou no mundo do alpinismo em Agosto de 2001, quando escalou a montanha mais alta dos Alpes, o Monte Branco. Desde então, já efectuou expedições em diversos locais, como Toubkal (Marrocos), Pirineos (Espanha), Cáucaso (Rússia) e Andes (Argentina). A sua primeira experiência deve-a ao convite de um amigo, durante umas férias. Gostou tanto dessa “aventura” que nunca mais parou. “Dedico todo o meu tempo livre a escalar ou a praticar”, referiu.
A par deste feito atingido recentemente, a jovem foi distinguida, em 2004, com o prémio “Mérito Desportivo – Jovens Promessas”, atribuído pela Confederação do Desporto de Portugal.