Protestos “abraçam” Hospital

PUB.

Ter, 13/06/2006 - 15:58


Vieram de todo o concelho para exigir a manutenção da sala de partos no Hospital Distrital de Bragança (HDB). De bandeira nacional em punho e cachecol das quinas a desafiar o calor, foi com um extenso cordão humano à volta do HDB que os bragançanos decidiram assinalar o 10 de Junho, Dia de Portugal e das Comunidades Portuguesas.

A concentração fez-se no Parque Eixo Atlântico, local escolhido pela Câmara Municipal de Bragança (CMB) para acolher os milhares de munícipes que chegavam dos quatro cantos do concelho.
A pé, de autocarro fretado para o efeito ou em carro particular, calcula-se que cerca de 6 mil pessoas terão participado na manifestação pró-maternidade, onde foram distribuídas outras tantas bandeiras nacionais e cachecóis a condizer.
Organizada a concentração, a multidão seguiu para o HDB e deu as mãos para “abraçar” o perímetro hospitalar com um cordão humano de 800 metros.
No interior da unidade há sinais de obras, mas apenas de remodelação, já que o projecto de ampliação foi suspenso pelo ministro da Saúde, Correia de Campos. Além da defesa da sala de partos, o presidente da CMB, Jorge Nunes, aproveitou a ocasião para lembrar ao Governo a necessidade de retomar o projecto da ampliação do hospital bragançano.
Isto a par de outras carências que levam o distrito a ficar para trás no comboio do desenvolvimento, em especial o prolongamento da A4 até Quintanilha, associado à construção do IP2 do IC5.

Autarcas pouco solidários

Mas, apesar do discurso voltado para o contexto distrital, apenas os presidentes de Câmara de Carrazeda de Ansiães e Vimioso marcaram presença na acção reivindicativa, a par de Rui Magalhães, chefe de gabinete do presidente da Câmara Municipal de Mirandela.
Os restantes municípios não se fizeram representar na figura do presidente ou de qualquer substituto legal, ao contrário do que aconteceu na vigília organizada, recentemente, em Mirandela, com o mesmo objectivo, em que dez municípios disseram presente.
Mesmo assim, Jorge Nunes garante que os autarcas estão solidários com a causa bragançana e justificou as ausências com eventos que decorriam, em simultâneo, noutras localidades do distrito.
A palavra “solidariedade”, aliás, esteve sempre na ponta da língua dos participantes, para que a decisão do Ministério da Saúde (MS) não se baseie, apenas, em números.

Partos longe da região

Recorde-se que o MS pretende encerrar as maternidades com menos de 1.500 partos por ano, um valor muito superior aos 820 nascimentos registados, no ano passado, nos hospitais de Bragança e Mirandela.
Os números das duas maternidades do distrito, porém, até poderiam ser maiores, não fosse o recurso a salas de partos alheias à região transmontana. Ou seja, no ano passado foram registados 987 bebés no distrito de Bragança, um número que excede os 820 partos efectuados nas duas maternidades do Nordeste Transmontano.
O recurso ao Centro Hospitalar de Vila Real-Peso da Régua ou a clínicas privadas no Porto está na base deste diferencial.
Para o autarca bragançano, mais do que encerramentos de serviços baseado em números, é necessário criar condições para fixar os jovens, já que, “por cada criança que nasce, morrem três pessoas”, lamenta o responsável.