Ter, 29/08/2006 - 15:15
O granizo que caiu nos meses de Junho e Julho devastou completamente alguns pomares do concelho, deixando a fruta imprópria para comercializar.
“Tenho um pomar onde costumo colher mais de 700 toneladas e, este ano, não tiro de lá mais de 80”, lamenta Luís Nunes, um agricultor do concelho de Carrazeda.
As marcas deixadas pela intempérie obrigam os produtores a fazer uma selecção da fruta, o que acarreta custos elevados com a mão-de-obra.
“Comecei hoje com a apanha no pomar que foi afectado pelo granizo e cheguei à conclusão que é melhor vender a fruta toda para sumos. Andaram lá 14 pessoas para apanhar 14 palotes. Para eu ter lucro, cada pessoa tinha que apanhar, no mínimo, quatro palotes”, salientou o agricultor.
Numa propriedade com 17 hectares, Luís Nunes afirma que teve um prejuízo na ordem dos 80 por cento.
Apesar de ter seguro, este agricultor afirma que o valor da indemnização não cobre os prejuízos, acrescentando que o granizo é fatal para a maçã.
“A fruta que vai para sumos é paga a 0,04 euros o quilo, enquanto a maçã boa é comercializada a cerca de 0,25 euros. Ou seja, na apanha da maçã estragada o dinheiro realizado é para pagar os gastos com a mão-de-obra”, frisou Luís Nunes.
O granizo também fez estragos num dos pomares de Sílvia Bernardo, onde estima que cerca de 30 por cento da maçã vai ser apanhada para sumo.
Segundo o dirigente da Frucar, António Nascimento, a queda da produção de maçã também vai afectar o funcionamento da empresa.
“Nós temos 13 funcionários no quadro e custos de laboração fixos, pelo que vamos ter dificuldades para suportar todos os encargos”, assegurou António Nascimento, acrescentando que, este ano, registou-se a maior quebra de produção dos últimos anos.