Produção de cereja reduzida a metade em Alfândega da Fé

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Ter, 26/05/2020 - 11:55


Presidente da câmara acredita que, ainda assim, o futuro da cereja é “risonho”

A produção de cereja em Alfândega da Fé deverá ter, este ano, uma quebra superior a 50%, segundo relataram vários produtores locais, a participar num mercado ao ar livre para venda do fruto, já que este ano, por causa da pandemia, a Festa da Cereja não se poderá realizar. As condições climatéricas adversas, com as chuvas de Março e Abril, precisamente no início da floração, estão na origem de a produção ter caído para metade. Luís Mónico, produtor de cereja e vendedor de outros produtos locais, nomeadamente pão, queijo e fumeiro, contou que a cereja “rachou toda” e que “há um bocadinho, mas nada a ver com os outros anos”. “Para trazermos 100 quilos para a feira temos que colher 250”, lamentou o produtor de Vilares de Vilariça, no concelho de Alfândega da Fé, que confirmou ainda que, no seu caso, a produção é muito menor e “é preciso fazer uma selecção” porque “o tamanho também não ajuda”. Em Alfândega da Fé, no mercado que decorreu no jardim municipal, local onde começou a Festa da Cereja, nos anos 80, também esteve Maria Reis, produtora, natural da Trindade, em Vila Flor. No ramo há cerca de dez anos, a produtora confirmou que “este ano a produção é menor” e, no seu caso, “caiu em 50%”. Segundo Maria Reis, as árvores “estavam bonitas e tinham muita flor” mas “não limparam”, ou seja, as flores prometiam uma boa colheita que acabou por não se verificar. Apesar de alguns se queixarem, a vida não está a correr mal para todos. Luciano Silva, de Bornes, no concelho de Macedo de Cavaleiros, produtor há 15 anos, garantiu que, “em geral, a quantidade é mais ou menos a mesma que no ano passado”. Ainda assim, o produtor, como de resto acontece com muitos mais, tem variedades em que a quebra é muito superior a este número, situando-se nos 80 a 90%.

Em Alfândega da Fé, o fruto não vingou como aconteceu no ano passado, em que a produção aumentou cerca de 40%, relativamente a 2018, mas é preciso escoar o que há. A pandemia deixou vários produtores parados, como o caso de Luís Mónico, que só na semana passada retomou os afazeres, tendo tido a actividade suspensa três meses. “Vai ser difícil, este ano o prejuízo é enorme”, confessou. Preocupada também se mostrou Maria Reis: “não temos vendido nenhuma”, explicou, dizendo que só se começou agora a escoar a cereja, já que “a outra apodreceu toda e ficou nas árvores” e, por culpa da pandemia, também “não houve grandes clientes”. O mesmo cenário não o conhece Luciano Silva, para quem “a venda está muito melhor”. Desde que tem cereja “está a ser o melhor ano de sempre a vender” e “será por causa da falta de cereja nas outras localidades”.

Ciente da quebra, Eduardo Tavares, presidente da câmara de Alfândega da Fé e da Cooperativa Agrícola local, quis sublinhar que “a produção de cereja no concelho está em franca reconversão”. Assim, assinalou ainda que há uma nova área de plantação, nos últimos três anos, que ronda os cerca de 40 hectares, que se somam aos outros 40 já existentes. “Queremos continuar a apostar nos nossos jovens para aumentarmos a área de produção e, por isso, o futuro da cereja em Alfândega da Fé é risonho”, explicou, afirmando que “é intenção ver esta cultura aumentar”.

Os produtores aplaudiram este mercado ao ar livre, uma iniciativa da câmara, já que, por culpa da pandemia, não se realiza, como era habitual a festa dedicada ao fruto. Para Luís Mónico, o certame “era uma mais valia”. Já Maria Reis diz que "este mercado foi uma boa iniciativa” que “ajudou muito e a cereja está a sair muito bem”. O mercado decorreu no fim-de-semana e voltará a acontecer neste próximo, o último de Maio. Em Junho também se vende cereja nos dias 6, 7, 10, 11, 12, 13 e 14.

Jornalista: 
Carina Alves