A problemática da inversão sexual

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Qui, 05/01/2006 - 16:21


A homossexualidade é, com toda a certeza, um dos temas mais polémicos e controversos de todas as sociedades. Como fenómeno a nível planetário, é tão antigo quanto a humanidade. Por estar na ordem do dia, arrisco submetê-lo à reflexão.

Embora, desde tempos imemoráveis, este comportamento, tido como anómalo pela sociedade, se tenha diluído em incertezas quanto à sua causa, e tendo-se, todavia, constituído como objecto de estudo, a partir do início do século XX, para as diversas áreas do conhecimento, desde a medicina às ciências do comportamento, a verdade é que, até hoje, em rigor, ainda não se obteve uma resposta suficientemente objectiva e satisfatória. Até há sensivelmente duas décadas atrás, a teoria mais ou menos consensual, sem certezas, era de que a homossexualidade tinha origem numa disfunção do hipotálamo.
De entre as várias lutas travadas contra a sociedade, os homossexuais reivindicam o “respeito pela diferença”, com base na ideia de que a sua diferença é não uma patologia, mas uma “opção de vida”.
Se o “respeito pela diferença” faz parte do supremo ideal da condição humana - pois só uma mente distorcida e desequilibrada é incapaz de aceitar, tolerar e compreender o Outro na sua dissemelhança – também o respeito pela verdade deve ser submetido a esse inquestionável reparador dos mais elementares princípios da consciência colectiva, porque ela é, muitas vezes, por hipocrisia, escondida por detrás de engenhosas metáforas, em particular, dos eufemismos.
Em boa verdade, aquilo que me separa dos homossexuais, além da orientação sexual, como é evidente, é precisamente a discordância em relação à terminologia “opção de vida”, utilizada para justificar o envolvimento não heterossexual entre duas pessoas, bem como a ideia de que essa “escolha” é vista, pela sociedade (segundo eles) como um mero preconceito, um problema de falta de abertura de espírito.
No mundo de conteúdos significativos que o instrumento língua nos disponibiliza, opção de vida é uma escolha voluntária, autónoma, livre e consciente do indivíduo, cuja inclinação volitiva pende, em simultâneo, no mínimo, para dois objectos de sedução; ou seja, é aquilo a que os psicólogos designam por uma situação de Atracção – Atracção. Sugiro, pois, três exemplos práticos de “opção de Vida”.
Um citadino, que desde sempre se identificou com o meio onde viveu, depois de ponderar sobre os convenientes e inconvenientes de morar aqui ou ali, pondo a hipótese doutra alternativa, decide fixar-se definitivamente no campo. Um outro, que, ofuscado pelo desejo de ostentação material, com um magro vencimento de pouco mais de cem contos mensais, decide comprar, recorrendo a crédito bancário, um Mercedes topo de gama. Em casa, o frigorífico estava vazio; mas o homem, em compensação, pavoneava-se elegantemente, ao volante da distinta máquina, pelas principais ruas lá do burgo. O último exemplo retrata um sujeito que se vê envolvido num dilema de coração. Apaixona-se, ao mesmo tempo, por duas mulheres; mas apenas uma o poderá acompanhar ao altar: loira ou morena, a escolha, a opção não é fácil.
Por outro lado, o preconceito é um acto de espírito, um conceito formado previamente pelo indivíduo, quer no seio familiar, quer no ambiente gregário, o que, por força dessas circunstâncias, não está sujeito a qualquer tipo de validação racional. O admitir, por exemplo, que o lugar da mulher é na cozinha, e o do homem é na taberna, ou que o brinco nas orelhas é um adereço próprio do sexo feminino, são preconceitos, princípios enraizados, só possíveis porque a sociedade se estrutura segundo determinadas convenções. Não assentam, pois, em pressupostos de verdade, nem, pelo contrário, obedecem a leis naturais. É tudo uma questão meramente cultural.
Inversamente, a atracção sexual entre macho e fêmea, independentemente da espécie a que pertençam, é uma resposta e um imperativo da Natureza. A este propósito, retive uma observação não inocente, ainda que proferida por um homem simples, na sequência dum inquérito de rua, feito pelos repórteres do Canal 3 da televisão espanhola:” paloma con palomo, perrita con perrito, coneja con conejo, cerda con cerdo.”
Não obstante pensar que a relação gay é uma perversão da natureza, um envolvimento contra – natura, não fico, de forma alguma, perturbado com esta realidade. Doentes ou não, os homossexuais devem ser tratados, pela sociedade, com total respeito, porque eles são, acima de tudo, pessoas. Poder-me-á fazer alguma confusão o casamento entre dois homens, ou entre duas mulheres, por ter dificuldade, em ambos os casos, em saber quem é a noiva ou o noivo. Evidentemente que para quem pretende “dar o nó”, esse problema não se coloca. Quanto a mim, confesso, também não me tira o sono. Poderá, quando muito, na primeira situação, tirá-lo aos convidados heterossexuais que pretendam candidatar-se a padrinhos à espanhola; para a segunda situação, as vantagens, nesse aspecto, são imensas.
Não só me tira o sono, como me provoca náuseas a ideia da adopção de crianças por casais homossexuais. Considero que tal pretensão – felizmente no nosso país não passa disso – é horrenda e criminosa, porque os filhos, essa grande dádiva da Natureza, não podem estar à mercê de fantasiosos e ridículos caprichos dos adultos, nem tão – pouco serem tratados como meros objectos. As crianças, os filhos, precisam – a natureza subscreve-o e comprova-o -, nas várias fases de crescimento, até mesmo na intra – uterina, da presença masculina e feminina; por outras palavras, da referência maternal e paternal. Contrariar esse inalienável direito das crianças é negar a própria Natureza.
Sei que já não tenha idade para acreditar no Pai Natal; mas os votos que eu formulo nesta quadra natalícia são os de que a vida de cada criança seja a recriação perfeita dessa imagem simbolicamente fantástica do nascimento de Jesus: com ou sem burro, com ou sem vaquinha, mas com a presença constante duma Maria ou dum José.