Privatização espreita matadouro de Bragança

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Qua, 23/08/2006 - 10:01


A maior quota da Terra Fria Carnes, a empresa que gere o matadouro de Bragança, poderá passar para as mãos de um privado. Após o Agrupamento de Defesa Sanitária (ADS) ter colocado à venda uma participação de 50,02 por cento, o presidente do ADS, Luís Afonso, foi o único a apresentar uma proposta de compra em nome individual.

Os prejuízos acumulados pelo matadouro, ao longo dos anos, obrigaram os sócios a delinearem uma solução para evitar a falência daquele equipamento.
Segundo Luís Afonso, a Câmara Municipal de Bragança (CMB), detentora de 49,98 por cento do capital da Terra Fria Carnes, deixou nas mãos dos agricultores a apresentação de propostas para revitalizar o matadouro.
No passado mês de Abril, os sócios do ADS reuniram-se em Assembleia Geral, onde foi rejeitada a hipótese de cada agricultor investir 250 euros na Terra Fria Carnes e decidiu-se pela venda da quota do ADS, dando preferência aos associados.
Após os 30 dias úteis, exigidos por lei para a apresentação das propostas, dos cerca de 2 mil sócios do ADS, apenas, Luís Afonso apresentou uma proposta para adquirir a maior quota da sociedade.
O veterinário e ex-vereador da CMB propõe-se, agora, a comprar a participação de 50,02 por cento pelo preço que ela foi adquirida, ou seja, cerca de 130 mil euros.

Negócio depende do aval da autarquia

Sendo assim, cabe à CMB tomar uma decisão quanto ao futuro do matadouro de Bragança, dado que a autarquia ainda pode requerer o direito de preferência na compra das acções da Terra Fria Carnes.
Questionado sobre a privatização da unidade de abate de Bragança, o vice-presidente da CMB, Rui Caseiro, afirmou, apenas, que o processo está a seguir os trâmites normais, acrescentando que a autarquia irá tomar uma decisão no sentido de valorizar a pecuária.
Quanto a novas propostas que possam surgir, o autarca revelou que, neste momento, existe, apenas, a proposta de um dos sócios, que está a ser avaliada de acordo com os estatutos da sociedade e dentro da legalidade.
Em relação aos prejuízos, Rui Caseiro afirmou que o matadouro teve sempre perdas, uma vez que nunca conseguiu o número de abates necessário para suportar as despesas.
Por isso, Luís Afonso realçou que, para evitar a falência, a Terra Fria Carnes necessita de um investimento na ordem dos 250 mil euros.
Recorde-se que o matadouro de Bragança acumulou cerca de 500 mil euros de prejuízos, um valor que não “assusta” o ex-vereador, que acredita na revitalização da unidade, a longo prazo.
Quanto às estratégias para rentabilizar o equipamento, o veterinário prefere guardar os “trunfos”, afirmando, apenas, que estes serão apresentadas depois do negócio estar concretizado.