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Praxe sensível e diplomática

Ter, 05/12/2006 - 15:48


Longe vão os tempos em que o título de “Rex” era um exclusivo dos homens de capa e batina.

Hoje, Elizabete Silva é uma das estudantes que simboliza a ascensão das mulheres nos órgãos máximos da praxe, não fosse ela Rex da Escola Superior de Tecnologia e Gestão de Mirandela (ESTIGM).
Aluna do último ano do curso de Tecnologias da Comunicação, tem 22 anos e veio de Santa Maria da Feira para desbravar caminho num meio académico onde os homens ainda estão em maioria. As consequências e as críticas, contudo, não tardaram a surgir. “Senti um bocado na pele o facto de ser mulher, quando me apontavam pequenas falhas que, se fossem cometidas por um homem, já eram normais e até se ajudavam para as resolver”, recorda a dirigente.
Os momentos menos bons, de resto, levam a jovem a afirmar que ser Rex no feminino “dói um bocadinho à parte masculina”.
Apesar da resistência inicial, Elizabete Silva soube usar armas como “sensibilidade e diplomacia” para dar a volta por cima. “Conseguiu-se ultrapassar tudo, apesar de alguns caloiros se sentirem constrangidos por ser uma mulher no topo da hierarquia. Já com as caloiras correu tudo muito bem desde o início”, assegura a responsável.

“Senti um bocado na pele o facto de ser mulher, quando me apontavam pequenas falhas que, se fossem cometidas por um homem, já eram normais”

Preconceitos à parte, acabaram por ser elas a resolver um problema de um caloiro “desavindo”. “Houve um rapaz que teve problemas com um doutor, mas com a sensibilidade necessária conseguimos cativá-lo para a praxe, coisa que talvez um homem não conseguisse, pois ia tentar resolver as coisas mais à bruta”, explica a Rex.
Numa escola em que todos são bem vindos para dar mais vida às tradições académicas, Elizabete Silva sentiu-se na obrigação de acompanhar as actividades ligadas à praxe, juntamente com os Dux de cada curso e respectivas Comissões de Praxe.
“Estive sempre presente, para poder julgar ou equilibrar a balança, coisa que não acontecia há uns anos atrás, em que o Rex era uma figura quase mitológica”, considera a dirigente.
Numa altura em que as actividades de recepção ao caloiro começam a abrandar, a jovem pretende continuar a acompanhar a integração dos novos alunos até cessar funções no próximo ano lectivo, quando for eleito outro ou outra Rex.
Há cinco anos em Mirandela, Elizabete Silva confessa que escolheu a ESTIG na quinta opção. Com o passar do tempo, porém, mudou de ideias e hoje garante que não trocaria a “Capital do Tua” por nada. “Passei aqui quase um mês a chorar, porque queria transferência para ir embora, mas hoje adoro Mirandela, pois conhecemo-nos todos e ajudamo-nos uns aos outros”, salienta.