Ponto da partida para a promoção da leitura

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Ter, 17/10/2006 - 16:42


A Câmara Municipal de Macedo de Cavaleiros, a Biblioteca Nacional, o Instituto Português do Livro e das Bibliotecas promoveram na passada quarta-feira, no Centro Cultural de Macedo de Cavaleiros (CCMC), o Workshop “Ponto da Partida”, animado por Paulo Lages.

O público-alvo de foram todos os agentes da promoção da leitura: professores, bibliotecários, técnicos de biblioteca, animadores sociais, entre outros.
“Um Ponto da partida” ambivalente, um da partida e outro de partida. No que concerne ao da partida, Paulo Lages dá como sinónimo “pregar uma partida”, pois uma animação é sempre uma partida, uma brincadeira. “As pessoas são colocadas numa situação engraçada, brincando, brincando lemos e aprendemos”, retorquiu o animador.
Ao invés, Um Ponto de partida refere-se a um começo, arranque e criação de um contexto que propícia a leitura. Um ponto de partida é quando um indivíduo, grosso modo, enfrenta uma experiência nova e necessita de contextualizar, neste caso intertextualizar. “Um bom dia, por exemplo, é a partida, já que provoca, logo, uma imensa área intertextual. Tudo abre, dá uma possibilidade literária, depois é uma questão de conduzir”, explicou Paulo Lages.
O objectivo deste evento não é, no sentido lato, produzir leitores, mas sim, demonstrar abordagens significativas para os agentes da promoção da leitura. “Não fabrico leitores, desperto curiosidades”, declarou o formador.
A baixa literacia em Portugal ainda não encontrou a cura, visto ser um problema secular. Paulo Lages sublinhou que “O próprio Salazar, segundo Adriano Moreira na RTP, não lia um romance há vinte anos”. Acrescentando que “bastou um conselho dele para o cativar a ler um pouco que seja”.

Ler com experiências significativas
Conselhos para fomentar a leitura, dicas para interagir literariamente, estreitar relações (utilizando teorias psicológicas) e o uso correcto da multimédia foram os temas abordados nesta formação, que defendeu uma visão divertida e profissional da leitura. Com a interiorização deste tipo de leitura partiu-se para a prática, com todos os formandos e Paulo Lages, inclusive, a construírem uma história intertextual (processo carroliano, segundo o formador), um jogo direccionado para a sala de aula. Este jogo de escrita e dramatização de histórias mínimas com assento na multimédia, propiciou ao público presente um conhecimento divertido da linguagem, estilo e conteúdo da obra “Alice no país das Maravilhas”, de Lewis Carrol. O ministrador desta acção didáctica e pedagógica confessou a sua admiração pelo autor, afirmando, categoricamente, que o escritor inventou a criança moderna, autónoma e digna.
Quem esteve presente no CCMC regrediu, nostalgicamente, até à idade das infâncias, recordando a leitura nesse tempo, com o acréscimo de, agora, a leitura ser mais engraçada e significativa.